quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Japan GONG show na fábrica de parto do país do FUNK.

Ao despertar segunda feira dia 13 pela manhã mais uma vez minha cabeça deu sinais da minha obsessão e idéia fixa no assunto "preciso parir" pois o pensamento recorrente brotou na minha cacholeta instantaneamente ao abrir os olhos: "Ian não nasceu de novo essa noite. Terei que ir a consulta médica! Que saco! Meu médico vai falar de indução..."
Essa consulta já estava marcada há 4 meses e toda vez que eu olhava minha anotação na agenda pensava:  "Dr. Roberto marcou consulta na data prevista para meu parto mas com certeza neste dia Ian já estará em meus braços e pendurado em minhas tetas!"
Durante a noite tive a sensação de um início de cólica, parecia uma descarga de algo no baixo ventre. Acordei com a imagem de tintas ao serem misturadas ou tela de computador que fica com manchas coloridas que lembram raio laser quando colocamos música para tocar.
Levei Galdino para o Metrô que o leva toda segunda, terça e sexta à Liberdade.
Não! Galdino não se liberta através do metrô três vezes por semana. A FMU, onde ele dá aula, fica na estação S. Joaquim!
Mas seria maravilhoso se existisse um trem que nos levasse à LIBERDADE ... ... ...
"Liberdade do que Veridiana? Você me parece uma mulher tão livre... Não é assim que você se sente?'
Não! Ou melhor; muitas vezes não! Existem muitas situações que a vida me coloca em que me vejo com dificuldade de tomar decisões, MUITO em função do que suponho que os outros pensariam a meu respeito caso as decepcionasse ou não agisse de acordo com o que também suponho ser seus ideais.
Quem é livre de fato faz o que tem vontade e acredita sem titubear.
Conto com a aprovação das pessoas e isso me castra.
Será que tem a ver com o fato de ser atriz ?
Essa necessidade ridícula de aprovação?
Preciso, como mãe que agora "sou", ainda que com uma pança pendurada, me libertar da necessidade de aprovação geral da nação nas minhas ações e atitudes.
E mal sabia eu que o dia 13 de Agosto me proporcionaria enxergar em mim mais uma vez esse lapso de personalidade nem tão forte quanto muitos me atribuem.
Sou vulnerável. Facilmente conduzível. Essa é a verdade.
Uma pena...
Na volta do metrô Vila Madalena, ao tomar banho fiz o famoso ritual da estimulação de mamilos e agachamentos.
Depois de levar uma caixa de Amêndoas cobertas de chocolate para a Vilma Nishi em seu consultório e devolver um livro lindo que ela emprestou a Galdino, fui para casa da minha mãe onde coloquei em seu jardim uma cadeira ao sol e revelei para os pássaros que voavam por ali o meu lindo e lustroso barrigão, e meus "peito de nega" com mamilos enormes e escuros por onde escorreu leite.
Não sei se o calor do sol interferiu nessa expulsão do néctar pelos bicos a fora. O que sei é que em 5 minutos de exposição ao Astro Rei, ví brotar o que alimentará meu filho por bastante tempo.
É o que espero.
Minha consulta era ao meio dia e mamãe foi comigo conhecer meu médico doidão que muitas vezes parece um médium recebendo uma entidade. Ele baixa os olhos e fala repetidamente as mesmas coisas fazendo anotações na minha ficha e quando levanta o olhar, a direção não é o meu olhar. É o além! Ele fica elucubrando, dando explicações e divagando informações médicas para o além. É bem louco !!!
Gosto dele apesar dos nossos conflitos ideológicos.
Mas confio no seu conhecimento. Gosto de sua responsabilidade e comprometimento com a profissão. Quando ele ele fala sobre minha "gravidez de risco", o uso das injeções de FRAGMIN durante toda a gravidez e minhas perdas repetidas de bebês, sei que ele ACREDITA no que está dizendo. Os estudos da medicina fazem ele ter fé em um conhecimento que o leva a avaliar meu caso com uma cautela maior do que o normal.
E sei que não é só ele que pensa assim!
Minha tia e madrinha também médica pensa igual.
E mal sabia eu que o dia 13 de Agosto me proporcionaria detectar que mais médicos pensam  de igual...
Dr. Roberto nos atendeu pontualmente como de costume e mais uma vez deixou bem claro que não recomenda que esperemos Ian nascer a seu bel prazer, e que deixar minha gravidez chegar a 41 ou 42 semanas é um risco desnecessário de corrermos.
Me relembrou que respeita meu desejo de um parto natural, sem induções com ocitocina e uso de anestésicos e que sabe da importância que viver essa espera tem sido para mim e meu amor. Que a tentativa dele de me levar ao parto na semana passada é pura preocupação e precaução pois sabe da importância que tem esse filho para toda a família.
Essa espera vem sendo importante para mim sim, mas também vem me causando uma angústia e agonia que muitas vezes questiono se causam algum mal ao Ian.
Se ele sente um pouco do que sinto, certamente não está sendo boa a convivência com essa minha ansiedade desenfreada.
Muitas vezes pensamentos horríveis passam pela minha cabeça. O volume de casos, histórias tristes e malucas que ouvi e lí durante esses 3 anos desde que comecei a escrever " Meu Trabalho é um Parto", me colocam num estado lamentavelmente suscetível a melancolia e pânico. Não sou uma pessimista ! Mas tenho medos e ando muito insegura com minha intuição. Não tenho conseguido distinguir o que é piração de grávida doidona e o que é a minha sensibilidade e conexão com o sagrado apitando no meu coração.
Definitivamente a ignorância é a mãe da felicidade.
Eu preferia saber NADA. Ser que nem uma grávida que estava pedindo esmola no dia dos pais no farol da Nove de Julho com a Estados Unidos. A leveza dos ignorantes é uma dádiva algumas vezes.
Algumas vezes não! Sempre!
Consciente de que continuar esperando a chegada do Ian correndo o risco de chegar no dia 27 de Agosto sem meu filho nos meus braços não seria nada bom para a resistência das minhas emoções, aceitei marcar a indução do parto para sexta feira dia 17.
Fisicamente poderia continuar grávida por mais alguns meses já que estou me sentindo cada dia melhor. Impressionante como meu corpo vem se adaptando às transformações. Voltei a conseguir amarrar sapatos sem perder o ar! Galdino não precisa mais cortar minhas unhas do pé. Consigo abrir o porta luvas do carro sem achar que vou morrer sufocada e tenho dormido cada noite melhor...
Mas emocionalmente minhas forças estão começando a fraquejar. Estão chegando ao fim mesmo... Não aguento mais avaliar o comportamento do Ian dentro de mim e entrar em crise cada vez que passo do meio dia sem sentir sinais de sua movimentação.
Por todos esses motivos saímos eu e minha mãe do consultório do Dr. Roberto a caminho da Maternidade São Luiz para um monitoramento de atividade fetal e ultrassom com doppler, com uma guia médica de internação marcada para sexta feira dia 17.
Dia 17 seria a data de nascimento prevista para o meu filhinho caso em engravidasse há 30 anos.
Antigamente os médicos somavam 10 à última menstruação e contavam 9 meses exatos no calendário para o primeiro filho. E 12 + data da última menstruação para os filhos seguintes.
Dava certo!
Os erros eram mínimos e os bebês nasciam com 1, 2 dias de diferença das previsões  feitas pela medicina da época.
O prédio onde fica o consultório do meu médico é vizinho a Maternidade São Luiz e logo eu já estava na recepção da "fábrica de partos" do Itaim apresentando o pedido dos exames.
Grávidas perambulavam pelo saguão de entrada empurrando carrinhos iguais aos de hotel e aeroporto com suas malinhas de bebês lindas e novinhas. Os enfeites da portas forrados com plástico prestes a serem pendurados nas suítes e casais saindo com seus "pacotinhos de recém nascidos" enrolados nas mantas compradas no shopping Iguatemi, me fizeram ter orgulho das nossa malinha velha e surradinha preparada há 3 semanas em casa. Uma delas já passou por 3 gravidezes da minha irmã mais velha. A outra foi um presente dos funcionários da Unimed de Birigui que recebi depois de fazer uma apresentação de "Meu Trabalho é um Parto" pelo SESC.
Não tenho a menor paciência para o mercado capitalista da gravidez.
Apesar de ter me envolvido de forma expressiva e até profissional com o assunto, morro de preconceito de uma série de coisas que cercam o assunto e o mercado do parto.
Sites e fóruns de debates na internet me parecem ridículos em várias situações apesar de participar e ser cadastrada em muitos deles.
O consumismo do mercado do parto me encomoda.
Vestir no Ian roupinhas que já passaram pelos corpinhos dos sobrinhos e dos filhos das amigas será um enorme prazer sustentável, ecológico e econômico.
Ter o enfeite mais simples (mas o mais lindo!) da Maternidade São Luiz será motivo de orgulho.
Fico pensando o que as enfermeiras vão achar das toalhas que estão sendo mandadas na malinha ... Foram dos meus sobrinhos e não são novinhas.
Será que as enfermeiras da Maternidade São Luiz são tão arrogantes como os porteiros da Rede Globo ?
Fui atendida em pouco tempo e logo me ví deitada em uma cama com sensores ligados na minha barriga. As enfermeiras me perguntaram o motivo do monitoramento e expliquei que 40 semanas de gestação, perdas de bebês no histórico e o uso de injeções de anti coagulante durante toda a gravidez fazem meu médico estar em estado de alerta. Contei que ele queria ter induzido o parto na semana passada e que um conselho da Vilma Nishi me fez faltar em uma consulta marcada repentinamente. Elas riram e perguntei se conheciam a Vilma.
Lógico que sim !
Vilma é uma celebridade no mundo da gestação.
O aparelho que mediu a frequência cardíaca do meu anjinho tinha uma caixa de som potente a beça que me garantiu o vigor do seu coraçãozinho elogiado pela enfermeira de olhos enormes e azuis que disse: "Seu bebê está ótimo. Dançando um FUNK dentro de você. Não tem com o que se preocupar."
Nos orientaram esperar em outro lugar onde seriamos chamadas para o ultrassom.
Chega um torpedo da minha grande e grávida amiga Luiza Gottschalk dizendo que estava indo também para o São Luiz encontrar seu médico e fazer os mesmos exames. Ela engravidou da Nina um dia antes de mim e está me acompanhando nesta jornada da lua minguante.
Logo nos encontramos na recepção acompanhada também por sua mãe.
Viva as mães !!!
O que seria de mim  e Ian sem a minha que foi responsável por muitas das contas vindas da farmácia do Butantã com as compras de FRAGMIN... ?
Encontro de barrigas! Quando eu e Luiza nos encontramos é preciso ficarmos atentas ao nos abraçarmos. São 4 enormes tetas e 2 bebês entre nós. Nina e Ian.
O médico dela já havia marcado uma cesárea para dia 17 caso Nina não desse o ar de sua graça durante a quadragésima semana de gestação e a novidade para a minha amiga é que nossos filhos nascerão no mesmo dia caso a natureza não coopere com nosso desejo de parto natural total nos 45 do segundo tempo desta quadragésima e fatídica semana.
Ian e Nina sempre faltarão nas festas de aniversário um do outro...
Nos despedimos com fé na possibilidade de sermos surpreendidas pelas forças de nossas orações no decorrer da semana.
Chegando na sala de ultrassom fui recebida de forma seca e fria por um médico grande, mais para gordo, alto e mestiço.
Ele começou a falar com e enfermeira e pensei: "O Japa é bichona!"
Não sou preconceituosa, heterofóbica nem racista mas esse tipo de raciocínio JAPA/BICHONA me faz rever meu conceito de mim mesma no quesito PRÉ CONCEITO.
Colocou o ultrassom com uma pressão quase agressiva no meu baixo ventre e perguntou o que me levava a fazer aquele monitoramento.
Mas uma vez expliquei sobre a filosofia de meu médico e sua preocupação.
Ao medir o tamanho da cabeça do Ian ele vira e me diz:
- Se fosse meu filho já estaria na segunda mamada.
- Como é ? O que você está querendo dizer com isso ?
- Estou querendo dizer que a natureza é sábia mas nos passa rasteiras caso não estejamos atentos aos sinais que ela nos dá.
Fiquei pensando se a natureza havia me dado algum sinal de que algo não vai bem... Não! Está tudo bem! O que não está bem é a ansiedade da minha natureza de sagitariana que já foi mais leve e desencanada mas que depois dos 28 começou a ser bem pisciana/sofredora por ascendência.
-Mas minha indução de parto está marcada para sexta feira Doutor...
-O que te leva a esperara até sexta? Cada dia que passa o risco é maior? Quantos filhos você tem ?
- Nenhum.
- Suponho que depois de algumas perdas esse seja muito esperado e é fundamental que você meça a importância das coisas. A saúde do seu filho ou o desejo de um parto natural ? Pense que o tempo de um parto é muito curto diante uma vida inteira e que a felicidade e saúde do seu filho não depende do momento do parto e sim da sua dedicação.
- Você acha que devo antecipar a  data da indução do meu parto Doutor? Está acontecendo algo de errado com meu nenê?
- Seu filho está batendo um bolão!
Minha mãe entra na conversa:
- Ah ! A enfermeira lá de baixo disse que ele está dançando um FUNK!
E ele revida revoltadamente:
- FUNK não! Se eu fosse presidente do Brasil eu proibiria o funk e mandaria prender os compositores e cantores.
Um pouco mais adiante ele disse que não acreditava nem respeitava pessoas que cometem erros escritos ou falados de português. Apesar de ser uma admiradora da minha língua e zelar muito para que ela saia pelo menos da minha boca bem falada e sem erros, achei o médico um tanto radical na sua colocação.
Disse também que queria ir embora do Brasil. Que queria ir para Nova Iorque e que estava convencendo sua mulher.
"Olha! Ele tem mulher! Não é uma bichona!"
Como se casamento fosse prova de preferência sexual ...
Depois dessa eu pensei que estava falando com alguém emocionalmente alterado e que talvez não devesse dar crédito a nada do que ele me falou. Mas ao mesmo tempo dentro do meu coração um sino tocava e perguntava: O que é mais importante? A garantia da saúde do seu filho ou um parto natural?
Antes de me despedir ele pediu que eu voltasse em 48 horas para fazer outro ultrassom e cardio toco e que eu devia ficar muito atenta aos movimentos do bebê. MUITO !
Eu e mamãe saímos da Maternidade piradinhas com o que nos foi dito e fui para casa com a missão de definir com meu amor o que fazer.
Ao chegar em casa Galdino me disse que me apoiaria em tudo que eu definisse, até em uma cesárea, mas que eu estava indo contra as minhas convicções e tudo que eu havia desejado e planejado para nosso parto até então. Perguntou se eu estava segura da minha escolha.
Percebi que ele estava falando sobre a indução do parto na sexta feira dia 17 enquanto eu  estava na dúvida em antecipar essa indução para o dia seguinte!
- Estou dando mais 4 dias de chance para a natureza entrar em ação e Deus me iluminar. Mais que isso será insuportável para mim. Ficar fazendo monitoramento a cada 48 horas por mais uma semana ou 10 dias será um martírio sem fim. Essa é a conduta para gestantes que passam de 40 semanas, inclusive para as jovens sem histórico de perdas e FRAGMIN na veia. Sexta feira faremos a indução caso Ian não dê sinais de sua chagada durante a semana.
Terça feira coloquei música para Ian. Colei a caixa de som do meu portátil na minha xoxota com um CD de música Xamânica. Soube que os índios falam suas línguas loucas nas xerecas de suas mulheres em uma certa fase da gravidez para que o bebê vire de ponta cabeça.
Achei que a técnica poderia servir para o meu caso também.
As músicas Xamânicas eram chatérrimas e tive medo de Ian sair da posição cefálica fugindo dos xocalhos descompassados dos Xamãs e troquei o Cd por um de música de relaxamento. Estimulei os bicos dos "peito de nêga" com uma pomada de erva doce e fiquei tentando relaxar. Mais tarde fui ao Buddha Spa receber uma deliciosa drenagem e no fim da tarde fiquei dançando dança do ventre. Soube que os movimentos da dança são ótimos para o trabalho de parto efetivo. Resolvi começar o treino!
Ai ai ai esses posts com cara de "Meu querido diário"...
Quem chegou até aqui só tenho a dizer: parabéns. Que paciência heim ?
A noite fui ao centro espírita rezar. Além de mim mais 2 outras grávidas.  Fomos atendidas com fichas especiais.
Ian cavalgou dentro de mim durante toda a palestra, teve um soluço fortíssimo e parece ter curtido o ambiente cheio de entidades e mentores espirituais.
Ontem tive que voltar ao S.Luiz para o monitoramento de atividade fetal.
Enquanto esperávamos o laudo ficar pronto e a enfermeira conseguir falar com meu médico para ver se ele queria um ultrassom e exame de toque, encontrei uma grande amiga, Maíra Bittencourt, que é parteira  e havia acabado de acompanhar 2 partos.
Ela me disse que é praxa fazer monitoramento dia sim dia não passadas as 40 semanas.
O Japa não estava tão louco assim . Mas a forma como me gongou na segunda foi suficientemente expressiva para o título do post ser em sua "homenagem".
Maíra me passou o celular de uma acupunturista que trabalha com indução para grávidas e mais uma vez Galdino foi obrigado a participar de um longo papo sobre o assunto PARTO.
Senti ele muito cansado. Já havia me dito que por ele não estaria ali e que achava um pouco de histeria de mais tudo aquilo.
Consegui falar com meu médico depois de meia hora. Ele disse não ser necessário fazer ultrassom e me perguntou se eu queria me encontrar com ele no consultório para um exame de toque e uma "cutucada" para o descolamento da placenta.
Aceitei.
Umas dedadas ainda são mais "naturais" que ocitocina sintética. Vamos a mais essa tentativa de fazer Ian chegar antes de sexta.
No exame de toque foram detectados 4 cm de dilatação. Aumentou. No cardio toco foi detectado ZERO de contração em 40 minutos... Ele sentiu a cabeça de Ian mais baixa e conheceu mais intimamente o interior de minha "bibica".
Bibica, Xereca, Xoxota, Pixoca, Boceta, Perereca, Queca, Ximbica... que variedade!
Galdino ficou me fazendo carinho durante o precedimento como se eu já estivesse na cama de parto. Não doeu. Incomodou.
Chegando em casa fomos surpreendidos com caixas e mais caixas com quase 3 mil fraldas do mais novo lançamento da PAMPERS pela Procter And Gamble. A SUPREME CARE. A fralda só falta falar e voar.
Mas sobre isso e o por quê disso eu falo em outro momento. É me estender além do aceitável, limite que aliás já ultrapassei.
Incrível quem leu esse post até aqui. Mas falta pouco, está acabando!
No começo da noite eu e meu amor fomos assistir "Para Roma com Amor" que há tempos eu vinha querendo. Pensei que eu precisava me distrair. Se entrasse em trabalho de parto no cinema era só sair da sala.
Mas nada aconteceu...
Sinto que meu corpo se acostuma muito facilmente às mudanças propostas sem reagir a elas.
Ontem senti minha barriga pesada ao caminhar pelo shopping Bourbon e seu estacionamento, e uma pressão muito interessante além das pernas duras e travadas.
Ian não nasceu na madrugada...
Hoje acordei como se nada tivesse acontecido. Nem cólica e nada de contrções.
A única novidade no decorrer da noite foi mais um enorme pedaço de tampão mucoso que saiu no xixi corriqueiro da madrugada.
4 cm de dilatação, placenta descolada e ZERO de contração.
Amanhã ás 14:00 horas serei internada para a indução do parto.
Ás 16:00 começam a colocar ocitocina na minha veia.
Ás 15:54 a lua muda...
Seria lindo entrar em trabalho de parto antes da primeira gota de ocitocina.
Não terei mais esperança em nada desses fatores que nos ajudam a obcecar.
Não vou ligar para a acupunturista.
Nem dançar dança do ventre.
Nem subir escadas.
Nem fazer longas caminhadas.
Só preciso ligar para a Vilma. Ela merece uma satisfação. Estou protelando esse telefonema em função daquela Veridiana tonta que tem medo de frustrar expectativas alheias.
A possibilidade de ter que passar por uma Cesárea existe e tenho que aceitar e me acostumar com a idéia.
Existem corpos que não desenvolvem musculatura mesmo com altas cargas de peso e atividade física.
Existem corpos que não produzem insulina.
Existem corpos que não produzem  endorfina.
Devem existir corpos que não produzem contração. Nem com ajuda química.
Pode ser que o meu seja um.
Amanhã saberemos.
O que sei é que domingo voltarei para casa acompanhada de minha familia. Meu marido e meu filho.
Galdino e Ian; meus dois grandes amores.
Minha vida !
Agora eu vou almoçar omelete com salada e passar a tarde bem coladinha no pai do meu filhinho.
Que o dia de amanhã seja abençoado e que tudo corra bem.
Boa hora para você Veri.
Boa sorte para você Ian e que Deus te abençoe; Amém!

domingo, 12 de agosto de 2012

Medicina X Natureza em uma semana dilatada na lua minguante que parece não ter fim.

Dia 7 de Agosto de 2012, terça feira passada, completando 39 semanas  e um dia de gestação fui ao médico que fará meu parto em uma consulta de rotina de quem está para parir a qualquer momento.
Lógico que eu ia esquecer a coisa mais importante da consulta.  Mas o anjo que acompanha Nossa Senhora do Bom Parto me ajudou soprando em minha mente que algo estava faltando enquanto eu me vestia no banheiro da ECOFIT.
-A Barriga ? Você estava esquecendo a barriga?
Não não ! Esta está colada em mim e não parece querer me largar de jeito nenhum ! Mas a cabeça... Se não tivesse o pescoço no meio para juntar as partes já teria esquecido em algum lugar.
- Você esqueceu sua cabeça em casa para ir ao médico Veridiana?
Não !!! Esqueci o ultrassom feito na semana anterior. Exame que contém informações importantes para que o médico saiba qual a situação atual do meu filhinho, do meu útero, placenta, líquido, sangue... Ai ai ai quanta coisa meu Senhor !
Saí da academia onde me deliciei na piscina que o médico já havia me proibido de entrar, tomei banho e voltei a minha casa para pegar o exame procurando dirigir o mais devagar possível mas com uma certa pressa paulistana que nos acompanha constantemente.
Cheguei pontualmente para ser atendida.
Ao entrar na sala meu médico  perguntou como eu estava me sentido.
-SUPER BEM DOUTOR! COM UMA ENERGIA FORA DO NORMAL, DISPOSTA, SEM DOR ALGUMA NAS COSTAS, UMA BELEZA. PODERIA FICAR GRÁVIDA MAIS UM MÊS.
Já percebi nele uma reação de : "Ai meu Deus... Eu contava que neste momento ela estivesse exausta implorando por uma cesárea ou indução e essa louca me chega aqui com toda essa disponibilidade para continuar carregando essa pança".
Na verdade eu estava dando o meu recado sim ! Eu sabia que ele estava esperando que eu agisse como a maioria das clientes que vão chegando no fim da gravidez, se cansam, perdem a paciência de Deus escolher a hora do filho chegar e pedem para antecipar o processo. Eu queria que ele percebesse de cara que eu não ia entrar no jogo dele de ocitocina na veia, descolamento de bolsa e entrada no hospital.
Tive que ouvir seu relato sobre suas impressões ao filme "O que esperar quando está esperando" que acaba de ser lançado com participação de Rodrigo Santoro no meio de um elenco estrelar Hollywoodiano.
O estacionamento do prédio onde fica o consultório é caro a beça, consultas muito longas me "angustiam o bolso", eu estava planejando assistir ao filme com Galdino em algum momento da semana e não estava a fim de ouvir o médico me contar o FILME TODO !!!!!!!!!!!!!!!!!
Sim, ele me contou o filme todo pontuado com minha interferência com o seguinte e único comentário repetido:
"Que lagal doutor, eu e Galdino vamos assistir ao filme essa semana"
Ele não compreendeu que eu não queria ouvir o filme narrado por ele. Eu queria VER o filme na companhia do meu amor.
A Consulta segue.
Ao ler meu exame me disse o médico o que eu já suspeitava. Minha placenta ainda estava de grau 1, é uma placenta jovem. Meu líquido amniótico em volume além do esperado. Somadas as duas informações concluímos que o bebê ainda está boiando no líquido em função dele ser abundante o que não proporciona pressão alguma no colo do útero  provavelmente levando a ausência de dilatação.
Imediatamente o Dr. pegou a agenda e disse que no dia 13, coincidentemente a previsão da data de nascimento, já tínhamos uma consulta marcada e que ele gostaria de nesta consulta começa a estimular o parto descolando minha placenta.
Eu já deixei BEM CLARO milhares de vezes que quero meu parto o mais natural possível, que a princípio nem anestesia quero mas vamos de novo entrar no jogo do médico e fingir que concordo com o que ele quer para mim , contando MUITO com a possibilidade do Ian nascer durante a semana !
Seguimos para o exame de toque.
Ao encaixar os dedos no colo do meu útero fez uma cara de exclamação e disse que eu já estava com 3 cm de dilatação, que o colo do meu útero é molinho que muito provavelmente eu teria um parto fácil e pouco doloroso.
Tirou os dedos e na luva havia sangue.
Eu exclamei: "Olha! Sangue! "
Há  tempos não vejo nada vermelho saindo de mim...
-Legal ! 3 cm de dilatação?! Pré trabalho de parto! Já iniciamos a jornada! Que beleza! É só isso Doutor, acabou o exame?
Respondeu que sim e que se mexesse mais poderia estimular o trabalho de parto.
Pensei comigo: " Que beleza!!! Agora ele entendeu! Está me respeitando e não quer interferir no tempo de Deus."
Ví que ele ficou aflito com a possibilidade do Ian nascer quinta ou sexta feira que são dias que ele não vai ao consultório e atende às grávidas do Hospital do Servidor Público no Tatuapé. Repetiu que não gostaria de não estar presente no meu parto mas que eu corria esse risco  já que eu preferia não marcar a indução e que São Paulo, suas distâncias e trânsito não nos possibilita realizarmos as coisas de acordo com nosso desejo.
Acalmei o médico: "Vai dar tudo certo Doutor! Fica tranquilo! Você estará presente e se sua anestesista de confiança não estiver, o plantonista do São Luiz que deve ser ótimo, estará. Isso se eu precisar de anestesia! Lembra que vou tentar sem ?"
Falei tudo isso contando que Ian chegaria em meus braços no fim de semana e que tenho a Vilma Nishi (doula/parteira/ enfermeira obstétrica) para me amparar. Confio plenamente na Vilma.
Me recomendou parar de nadar de uma vez por todas alegando a possibilidade de contaminação pela água da piscina já que havia dilatação e me pediu que não transasse mais. Fim de Sexo !!!
Fui embora do consultório feliz e radiante com a minha dilatação de 3 centímetros e a informação de um colo de útero molinho.
Corri avisar minha amiga Camila Miranda, fotógrafa que faz um trabalho lindo com grávidas nuas na reta final, que deveríamos nos encontrar para nossa sessão já combinada o quanto antes já que com 3 cm de dilatação tudo pode acontecer a qualquer hora. Marcamos para quinta de manhã e ela me disse:
-" Fala para o Ian aguentar mais um pouquinho heim ?  Depois das fotos ele pode nascer."

Fim de uma primeira etapa desta SAGA que se estende até agora, domingo dia 12 de agosto, dia dos Pais!
Post longo... Obrigada a todos que chegaram até aqui !  E saibam; muito mais está por vir... Muito mais texto, dúvidas e fortes emoções.

Quarta feira a noite me encontrei com a Vilma que colocou sonar na minha barriga, ouviu o coraçãozinho do meu filhinho e fez outro exame de toque.
Confirmou os 3 centímetros dilatados e a maleabilidade da minha "carne interna". Disse que o médico tem razão ao afirmar que terei um parto fácil e pouco dolorido.
Disse que eu deveria continuar nadando e transando como vinha fazendo até então e que não concordava de forma alguma com essa orientação médica.
-" Eles são todos assim Veri, precisam proibir algo e a primeira coisa que fazem é proibir namoro. Fique bastante com o Galdino e faça um escalda pés. Seus rins e pés estão gelados e para a Antroposofia isso é sinal de medo. Não tenha medo em assumir seu medo. Aceite o fato, nada mais natural do que estar com medo. Afinal é uma experiência nova, você nunca pariu."
Nossa... estou me achando tão tranquila. Será que estou com medo?
Chegando em casa fiz escalda pés e recebemos a visita do Níveo, grande amigo e padrinho de casório que nos trouxe mais fraldas de presente.
A Procter and Gamble continua ganhando muito com a chegada do Ian...
Quinta pela manhã recebo em casa Camila, que carrega Maria em seu ventre de 5 meses de existência.
Antes de começarmos a sessão de "nu gravidal" conversamos horas sobre a vida.
Estudamos no mesmo colégio durante toda a infância, temos muitos amigos em comum e casos loucos de gravidezes interrompidas, perdas e partos que aproximam nossas almas não mais na dor, mas na cumplicidade de experiências que nos fazem refletir a vida e gravidez de forma delicada e específica.
Foi muito bom ser fotografada por ela no meu quarto, sala e até mesmo no meu altar onde Jesus, Buddha, Yogananda e Gandhi dividem o espaço com imagens de santos católicos, Hindus, pretos velhos e caboclos em uma harmonia ecumênica da melhor qualidade.
Depois do almoço recebemos visita de um amigo que veio trazer sua câmera emprestada. A que será usada para registrar a chegada do Ian e em seguida a visita de Talita Castro com seu rebento Angelo que nasceu no inicio do ano em São Paulo mas que já virou carioca ao se mudar para a Cidade Maravilhosa  do papai Daniel.
Um dia movimentado e delicioso com encontros, reencontros e uma pilha ligada no cu, falando mais que a boca, cheia de energia pela casa, abrindo portas e oferecendo frutas às vistas, subindo escada para mostrar o quarto do Ian para os amigos, falando do passado e ligada no horário pois tinha uma drenagem marcada no Buddha Spa, meu fiel e delicioso parceiro apoiador.
Talita ao saber que eu iria dirigindo sozinha para Higienópolis me convenceu que não é mais tempo de andar de carro por aí. Desmarquei minha drenagem.
Quando Talita entrou no carro e ligou o motor, Galdino sai à porta dizendo ser meu médico ao telefone.
- Oi Doutor ! Tudo bem ?
- Oi Veridiana! Estou ligando para saber como você está. Gostaria de ...
O telefonema é interrompido por Galdino que me avisa ter uma pessoa da Danone querendo falar comigo.
Meu DEUS ! Deve ser a menina do Marketing querendo falar sobre a possibilidade da Danone patrocinar o espetáculo através da Rouanet.
- Dr., me desculpe , eu tenho que atender a um telefonema, fala aqui com o Galdino.
Falei com a menina enquanto Galdino ouvia o discurso médico do Dr. que insistia em me ver no fim do dia. Motivo: gravidez de risco, trombose, injeções de anticoagulante durante quase toda gravidez... Resumo: Ele quer acelerar meu processo e fazer o parto induzido no dia conveniente a agenda e vida social dele.
Voltando ao telefone ouvi toda a mesma ladainha onde ele dizia querer me examinar para descolar minha placenta para eu entrar em trabalho de parto pois queria que meu filho nascesse no dia seguinte.
Isso mesmo que vocês acabam de ler! Ele me falou assim ao telefone:
- Veridiana , quero que seu filho nasça amanhã então seria bom nos vermos no fim do dia para eu descolar sua placenta e colocar um sorinho.
Colocar um sorinho significa: injetar ocitocina sintética no meu sangue.
Por um lapso de desatenção e confusão metal com o dia movimentado, amigos visitando, desistência de dar continuaidade na minha atividade de grávida motorista que se locomove sem ajuda de ninguém e telefonema da assessoria de imprensa da Danone eu disse: " Ah! Tá bom então Dr. Nos vemos mais tarde no seu consultório."
Ao desligar o telefone pensei: " O que foi que ele me disse?, Ele quer que meu filho nasça amanhã? Por que ele quer? Ele não tem que querer nada! E Deus? E o Ian? E Eu? Onde ficam os nossos desejos, a nossa escolha? Minha gravidez é de risco? Por que?  Não tive diabetes gestacional, problema de pressão, descolamento de placenta, sangramento; NADA !!!! Ian cresceu dentro de mim de acordo com os parâmetros, engordou da forma esperada, tem todos seus tamanhos e proporções previstos pelos estudos da medicina. Onde está o risco? Depois que parei de tomar as injeções ele continuou se desenvolvendo, recebendo oxigênio e nutrientes de forma correta e minha gravidez é de risco? O que eu fiz? Por que aceitei me encontrar com ele sem revidar? Onde estou com a cabeça? Venho lutando para ter um parto sem interferência sintética, médica, ou de bisturis desde o início e agora digo SIM a um chamado médico para descolamento de placenta ?"
Entrei em pânico temerosa deste encontro, comecei a chorar e Galdino me perguntou por que eu havia aceitado ir até o consultório e passar pelo exame. Eu não sabia responder.
- Liga para sua tia ver o que ela acha, liga para sua irmã, liga para sua mãe, liga para Vilma !!!
Liguei para a Vilma e perguntei que tipo de risco eu corria indo ao consultório. Ela respondeu que ele ia me colocar em trabalho de parto. Que ia descolar minha bolsa mas que nesta intervenção ela poderia se romper lá mesmo no consultório.
- Eu falei para você Veri, esse seu médico é assim. Ele vai fazer seu filho nascer. Não vá a essa consulta!
Liguei para o médico, caixa postal. Deixei recado dizendo que estava com medo de me encontrar com ele e que não ia.
Ele me ligou ás 16:00 hs. Até ás 17:00 fiquei no dilema ir ou não ir. Até ás 19:00, horário que havíamos combinado a consulta liguei insistentemente para seus 2 celulares e só caixa postal. Ás 19:05 ele me liga.
- Oi Veri, estou ainda aqui no Servidor Público, estava fazendo uma cesárea...
-Você não ouviu meus recados ? Eu não fui para seu consultório. Estou em casa. Depois que nos falamos entrei em pânico e crise total e não quero fazer nada. Estou me sentindo bem, Ian está mexendo, pedacinhos do tampão estão saindo aos poucos, minha dilatação já começou como você mesmo disse e acho que estamos em um bom caminho. A lua está minguante e tudo é mais lento mesmo. Completo 40 semanas só na segunda e acho que não há razão para nos preocuparmos.
- Você é realmente diferente de todas as minhas pacientes Veridiana. Eu respeito sua decisão. Me ligue amanhã para dizer como está se sentindo e podemos marcar de nos vermos no fim do dia. Saímos do meu consultório e passamos na Maternidade S.Luiz para fazer um ultrassom e dar uma monitorada.
- Legal ! Até amanhã !

Fim da segunda etapa de dilemas e lágrimas e certa de que Ian chegaria no fim de semana. Galdino tinha um teste importante para fazer na sexta a tarde então pensei que Ian estava nos permitindo fazer tudo que estava agendado. Fotos com a amiga, teste para trabalho... Só faltava chegar a cômoda que compramos para colocar em nosso quarto e ter na parte de baixo uma "estação de troca de fraldas" para facilitar a vida. O limite para a entrega da cômoda era segunda dia 13.
" Ai Meus Deus ! Será que essa cômoda vai chegar na data limite e Ian vai me fazer passar por esse fim de semana nesta expectativa beirando angústia  me fazendo esperar a chegada da cômoda para ele nascer?

Sexta acordei e fui a academia. Andei uma hora na esteira batendo papo com uma amiga que está grávida de 5 semanas e quando estava indo para a piscina um amigo que sabia da proibição do médico às atividades na piscina me pediu para não nadar.
- Já fez esteira de mais. Fique no meio termo Veri. Nem tanto ao céu nem tanto a terra. Siga um pouco do que seu médico diz e um pouco do que Vilma aconselha.
Não fui nadar mas fiz uma série incrível de agachamentos em baixo do chuveiro forte do vestiário da ECOFIT  com a mesma intensão da semana passada:  fazer Ian descer. Ah ! E o clássico estímulo de mamilos para colaborar com a tal ocitocina.
Galdino fez o teste a tarde e ao voltar para casa se deparou comigo procurando motivos para sair, para ir andar, passear pelo bairro e subir as ladeiras da Pompéia e Sumaré. Eu havia recebido a feliz notícia que nossa cômoda ia chegar até o fim do dia.
Ian pode nascer no fim de semana. A cômoda vai chegar antes da data limite.
Resolvi ir comprar doce para Galdino. Subi o ladeirão da Pompéia e parei na igreja para rezar. Chorei de emoção ao pedir que Deus me ajudasse no parto, na espera, em tudo. Tomei sorvete da Cacau Show e comprei queijadas para meu amor. Descendo o ladeirão da Pompéia recebo um torpedo de Galdino dizendo: 'Oba ! A cômoda chegou!'
Esperando um farol fechar para eu passar fui abordada por uma senhora que me deu uma oração impressa em um papel com a imagem de de uma enfermeira com um bebê no colo. Achei que era um sinal.
Pronto meu anjinho. Mamãe fez fotos, papai fez o teste para programa infantil da TV Brasil, sua cômoda chegou e Deus me mandou um sinal de sua benção através desta oração. Não falta mais nada mesmo.
AGORA SÓ FALTA VOCÊ !
Chegando em casa liguei para meu médico e surpreendentemente ele me disse que não fazia questão em me ver e usou a seguinte expressão: VAMOS DAR UMA CHANCE PARA NATUREZA.
Vamos !!! Vamos sim !!! Segunda feira nos vemos caso Ian não nasça esse fim de semana.
Galdino montou empolgadamente a cômoda do nosso filhinho e terminamos a noite pensando juntos:
AGORA SÓ FALTA VOCÊ MESMO IAN, PODE VIR, ESTÁ TUDO MAIS DO QUE PRONTO.
Tomei um banho de ervas, estimulei os mamilos pensando na ocitocina, tomei chá de gengibre com canela, acendi uma vela e rezei no meu altar.
Ian não nasceu naquela madrugada...
Ontem pela manhã fui ao Buddha Spa fazer uma drenagem e quando cheguei todos se espantaram: "O que você está fazendo aqui? Não nasceu ainda ?"
Depois da drenagem fui a feira do estádio do Pacaembú comprar pastel e usar minha última licença TRASH gastronômica da gravidez.
Eu e meu amor almoçamos pastel e achamos melhor darmos uma saída para eu caminhar um pouco, espairecer, tentar não obcecar no assunto "preciso parir" o que vem sendo bem difícil. Fomos a USP e foi muito bom. Estava uma tarde linda, levantei a batinha que usava e deixei o sol bater no barrigão que foi tendo contrações levinhas no decorrer do passeio. Subimos as escadas da Biologia, Química, Geografia e as ladeiras da Rua do Lago e do Matão na esperança do Ian descer.
Ao sair da USP decidimos fazer compras no supermercado e abastecer a geladeira para a chegada do nosso bebê. Já fiz vários grandes recipientes de salada de fruta pensando na minha volta da maternidade e o início do aleitamento. Já foram consumidos muitos abacaxis, mangas, morangos, pencas de bananas e todas as frutas disponíveis para minha dieta de grávida louca para parir e amamentar.
Venho acordando todas as manhãs com o pensamento recorrente - "Nossa , o Ian não nasceu essa noite"- como se ele fosse ser parido em um sonho, e quando eu acordasse encontraria um pacotinho enroladinho ao meu lado.
Hoje não foi diferente !
Acordei pensando que trazer o Ian ao mundo no dia dos pais seria um presente maravilhoso para meu amor. Toquei na minha barriga e ví que ela ainda estava aqui.
Ian não naceu...
Fomos comemorar o aniversário da minha sobrinha e afilhada na casa da minha irmã mais velha e durante todo o dia fiquei apreensiva com o silêncio da barriga. Ian mexe cada vez menos e seus movimentos são menores.
Tentar pensar em algo que não seja seu nascimento é quase impossível e está se tornando uma tortura emocional.
Amanhã  completamos 40 semanas e tenho consulta. Galdino estará dando aula na FMU e minha mãe irá me acompanhando.
A  negociação com meu médico a respeito de internação, indução de parto, uso de ocitocina sintética e escolha do dia para o nascimento do meu filho certamente vai acontecer e é algo que me angustia .
Ao mesmo tempo carrego a informação de uma gravidez de risco por ter 37 anos, abortos e gravidezes interrompidas no histórico, injeções de anticoagulante e uma trombofilia que reluto em aceitar ser real.
O que fazer ?
Ouvir um representante da medicina e marcar de vez a data da indução do parto ou deixar a natureza agir correndo o risco de continuar grávida por mais 15 dias e ter o bebê, líquido amniótico e batimentos cardíacos monitorados diáriamente em consultas hospitalares ?
Até quando minha emoção aguentaria essa espera acompanhada de todos os medos e angústias?
Não sei...
Só vivendo e esperando para saber.
Agora vou me preparar para dormir com a esperança de entrar em trabalho de parto na madrugada e ir para a Maternidade São Luiz ao invés da consulta médica ao meio dia.
Boa noite meu nenê. Tomara que essa seja a sua última dentro do meu ventre e que a lua minguante me surpreenda não me fazendo te esperar até a nova.