segunda-feira, 23 de setembro de 2013

COMPARTILHANDO A CAMA, OS LENÇÓIS, O HALITO OS GASES E OS SONHOS NUM ALONGAMENTO DE TETAS ELÁSTICAS SEM FIM.

Depois de falar sobre uma variedade considerável de assuntos no último post que surpreendentemente teve um recorde de acesso nas primeiras 24 horas "pós parido", tentarei me conter da divagação e abrir menos portas e janelas das minhas elucubrações e memórias para não me perder no caminho curvilíneo da massa cinzenta da minha imaginação.
Pela primeira vez na história deste Blog cumprirei uma promessa feita de abordagem de assunto de post anterior.
Fui prometendo assuntos no decorrer de quase três anos, não cumpri, e pedir desculpas foi o que restou para eu me retratar.
Então vamos lá. Voltaremos no tempo. Mais precisamente dia 17 de Junho, o dia que Ian completou 10 meses e teve a primeira febre de sua existência.
Era uma segunda feira, percebi que ele não estava em seu melhor dia, me pareceu um pouco indisposto e mesmo assim levei-o para a natação.
Fui criada sem "frescuras gripais". Minha mãe nunca fez o tipo "bedéu de resfriado" que controla se o pé está descalço, o cabelo molhado em dias mais frios, se o corpo está agasalhado o suficiente, a garganta protegida... Nada disso!
Não me lembro de ter faltado a um único treino de natação ou de Pólo aquático por causa do clima ou por início de manifestação de baixa imunidade.
E olha que desde muito pequenininha nadava no alto do Morumbi no Clube Paineiras onde os dias mais frios da cidade não alcançam as baixas temperaturas da área da piscina descoberta!
Sempre fui forte. Muito forte! E fui criada em uma casa sem remédios. Essa história de farmacinha nunca rolou dentro da bolsa da minha mãe e nem em suas frasqueiras de viagem.
Sim! Sou do tempo da frasqueira!
Tenho impressão que meus resfriados ao se sentirem completamente desprestigiados por minha mãe e consequentemente por mim, saiam de cena e ia se apresentar em palcos onde a plateia era mais ligada no assunto e mais contribuinte aos cofres da BAYER.
Por todas essas características de criação e pelo fato de Ian nunca ter tido até seus exatos 10 meses uma única febre ou manifestação de enfermidade, não dei crédito algum a seu comportamento mais amoado.
Na aula de natação, mais uma vez como nas últimas 2 aulas, ele deu um show de "mergulho, pererecada e retorno ao ar" e eu me empolguei de mais com aquilo.
- Zip zip zip zá, o Ian vai pular, um dois três e já !
E lá ia Ian da borda da piscina, onde fica sentado "buddhamente" com sua fralda de "NEMO", para o submersão das águas ozonizadas da ECOFIT e depois para os meus braços.
- Que lindo meu amor ! Como você está mergulhando lindo ! De novo! Zip zip zip zá, o Ian vai pular, um dois três e já !
- E já !
- E já !
- E já !
Nunca me preocupei muito com a saída da água morna da piscina para o vestiário infantil.  As camadas de gordura de Ian sempre me pareceram espessas o suficiente para protege-lo de um possível golpe de ar. Mas naquele dia resolvi enrolar meu Bolão em sua toalha maravilhosa de capuz de leão "regalada" por uma grande amiga que me visitou na maternidade.
Seguimos nosso dia normalmente até suas famosas bochechas começarem a pegar fogo no início da tarde quando medi sua temperatura e não me surpreendi com seus 38 graus de febre.
Supusemos, eu e meu amor, uma possível gripe de inverno. Era meio de Junho, milhares de pessoas gripadas pela cidade... Natural que em algum momento Ian fosse pego por um desses vírus mutantes e traiçoeiros.
No desconforto de sua indisposição, Ian ficou sensível o bastante para desenvolver uma carência sem fim de mim e decidi então liberar minhas tetas no decorrer do dia e da noite como já não acontecia há 4 meses desde que os alimentos vinham sendo introduzidos aos poucos em seu estomagozinho interessado em novidades gastronômicas.
Fora as mamadas liberadas com o único intuito de medir temperatura. Só minhas tetas distraiam-no para que o termômetro fosse encaixado em sua dobra maior. O sovaco !
Ian tem tanta dobra no braço que o sovaco se confunde com todas elas e parece a maior das dobras. É lindo ! É Micchelin total!
Galdino estava com uma super gripe e se culpou por achar que havia transmitido a virose invernal a nosso filho.
Na enfermidade é preciso repouso, dormir bem, e assim sendo Ian veio para nossa cama onde liberei de vez as mamadas noturnas responsáveis por darem continuidade a seu sono vulnerável.
Desde o fim do carnaval nossas noites vinham sendo de terror.
Estava sem dormir desde então e catalisando minha depressão noite após noite não dormida.
Galdino foi para o sofá de nossa sala que além de enorme é aconchegante como muitas camas pelo mundo não são. Com medo de ficar em uma troca de vírus de gripe com Ian , decidiu dormir longe de nós.
Os dias se passaram e a febre de Ian voltava ao final da tarde nos fazendo sofrer com seu sofrimento.
Assim como minha mãe, nunca fui muito ligada em médicos, morro de preguiça de requisitá-los. Em 10 meses de vida eu só havia telefonado 1 vez para o pediatra quando Ian tomou sua primeira vacina e URRAVA de dor na perninha.
Fui muito gentil com meu Rebentão ao chamar sua perna de perninha... Quem conhece Ian sabe o tamanho de seu pernil.
Resolvi procurar o pediatra pela segunda vez na vida e ele como "bom" pediatra de plano de saúde agiu exatamente como eu esperava. Não me deu atenção alguma e nem retornou meu telefonema.
Quatro dias depois, ou seja, quinta feira daquela semana tortuosa para nós, pela manhã percebo no edredom do colchão do quarto de Ian ( aquele que ele não dorme ), uma gosma cinzenta amarelada que havia escorrido de seu ouvidinho, na soneca da manhã, deixando um caminho de secreção seca  na lateral de seu rosto.
No primeiro momento pensei que fosse cera e achei que um acúmulo muito grande pudesse estar causando a febre...
Naquela tarde vi suas mãozinhas gordinhas esfregando o ouvido. Não era a orelha como faz quando tem sono. Era o ouvido.
- Vamos para o pronto socorro já !
Fim de tarde, o dia caindo e as estrelas chegando para a festa do céu escuro e fomos para o São Camilo. Depois de passar pela triagem e esperar 1 hora para sermos atendidos, saímos do hospital sem passar por consulta alguma pois a UNIMED...  ...  ...
Bom... Para não tornar o texto uma ode de protesto aos planos de saúde e mais particularmente a UNIMED, vou parar por aqui.
Seguimos para o hospital Metropolitano e continuamos esperando um retorno do pediatra que nunca nos retornou. E nós também nunca mais a seu consultório.
Também não fomos atendidos no Metropolitano onde a espera foi mais breve e as birras das crianças menos agudas aos meus ouvidos do que as que esperavam no S.Camilo.
Qual o motivo de não termos sido atendidos ?
A UNIMED criou novos planos e não oficializou contratos com os parceiros e...
Ai ai ai, me desculpem! Prometi que não ia falar mal da UNIMED.
Fomos então para o Albert Sabin onde fomos atendidos imediatamente por ausência absoluta de concorrência com outros pacientes.
Quando a pediatra olhou dentro do ouvidinho de Ian exclamou seguindo em direção a seu prontuário médico rapidamente rabiscado por letras indecifráveis e clássicas da medicina clínica:
- Nossa ! Está super infeccionado! Isso não é cera, é pus! Ele vai ter que tomar antibiótico já! Não poderá ir a notação por 15 dias e se não melhorar até domingo vocês devem voltar aqui.
Devo ter permitido que 10 litros de água entrasse no ouvido de meu ser venerado no "zip zip zip zá" ao admirar seu "nado pererecal" em desenvolvimento, e como Ian deve ser forte e resistente à dor como eu (porque Gadinho é uma bicha! Com todo respeito do mundo aos gays), e não manifestou incomodo no ouvido, nós não tínhamos como saber o que de fato estava acontecendo. E os "bichos bacterianos" foram dominando e proliferando dentro do Rebentão até o "amigo alerta" pus escorrer para fora de seu corpinho dizendo;
-Ei ! Socorro! tem coisa errada por aqui..
Fui gentil de novo com minha cria! Ian é dono de um corpanzil !
Aquele foi o primeiro de 10 dias também tortuosos em que uma batalha de perninhas e bracinhos se travou contra mim e uma seringa injetora de antibiótico via oral.
O antibiótico parecia leite de magnésia com sabor de Fanta laranja híper concentrado. Ou seja: uma merda!
Galdino já estava de volta a nossa cama agora sem a culpa de transmissor de vírus.
Acordar Ian a meia noite e algumas vezes ás 8:00 da manhã para entuchar aquela pasta leitosa nojenta em seu estômago me doeu a alma e o coração por 10 dias exaustivos em que só me separei de Ian para ir a terapia.
Não fiz nada a não ser ficar colada no meu filhinho.
Apesar do cansaço emocional da primeira experiência de enfermidade de mãe de primeira viagem, começamos a dormir melhor.
Galdino voltou para nossa cama mas Ian continuou lá.
Era eu ouvir o primeiro som emitido pelas preguinhas vocais do Bolão que eu sacava meu peito para fora do pijama, enfiava na boca dele permitindo que minha varizes continuassem na horizontal e o corpo de Ian em contato com o colchão da nossa cama Super King Size e deliciosa presenteada por minha avó demente há 8 anos, hoje internada em uma clínica vegetando.
Mas essa é outra história e um dia eu conto pois minha avó, sua vida e sua ajuda à minha são relevantes.
Passei a dormir 3, 4 horinhas seguidas por noite e não viver mais o terror noturno com Ian e seus 11 kg no colo rodando pela casa, criando melodias para o Pai Nosso e implorando a Deus uma solução para o sono de nosso herdeiro.
Eu e Galdino que vínhamos numa toada brava de desentendimentos noturnos e reavaliação frequente de vida conjugal, voltamos a sorrir ao amanhecer com beijos de bom dia e até voltamos a dizer EU TE AMO no café da manhã !!!
Ó que beleza ?!!!!
Acordar em família com uma gostosura como Ian entre a gente com sua carinha linda e sorriso de poucos dentes passou a ser gostoso de mais. Despertar para um novo dia por duas vezes com seu beijinho ainda em aperfeiçoamento performático é o que chamo de benção maior.
Nos abraçarmos todos com troca de beijos e delicadezas verbais nos acomodou por 3 meses na cama compartilhada em que ouço seus punzinhos, escuto sua respiração, percebo quando sonha e sinto o cheirinho delicioso do hálito mais puro que minhas narinas já tiveram contato. Cheirar o bafinho de aroma inigualável de Ian é um prazer que confesso ter.
Aliás, se eu for confessar meus prazeres e vontades a respeito de Ian é capaz de eu ser presa por pedofilia e incesto. Minha relação com ele é totalmente Edipiana, Freudiana e Rodriguiana.
Quem já leu Nelson Rodrigues sabe do que estou falando!
A ideia era tirar Ian do nosso quarto no mês de Julho já que Galdino entraria em férias como professor universitário e poderia ajudar ainda mais na adaptação de Ian em seu quarto isolado e solitário no andar de cima da casa.
Incompativelmente à decisão de treinar Ian para dormir sozinho em seu quarto, eu e Galdino também planejamos viagens para o mês Julho. E de partida para a casa de meu melhor amigo e padrinho do Ian em Visconde de Mauá para 10 dias de descanso na companhia de vários amigos queridos, pássaros, cachoeiras e montanhas maravilhosas, recebo um telefonema com um convite para em menos de 24 horas estar em um set de filmagem de um longa metragem no Espírito Santo substituindo uma atriz que não pode embarcar para filmar por uma razão que não cabe aqui citar.
Lóóóóógico que aceitei o convite e as roupas invernais de serra de Visconde de Mauá foram trocadas por praianas para a Ilha de Guriri.
Nada a fim de desmamar Ian repentinamente, sem preparo emocional e "tetal" algum e temendo não suportar a saudade do Rebentão e os prováveis problemas com a concentração de leite sem a potente sucção de Ian pelas madrugadas a dentro, decidi levar marido e filho depois de uma navegada rápida pela internet em que constatei ter milhas suficientes para trocar por uma passagem para Vitória e não me separar dos amores da minha vida.
Passar uma semana longe de Ian e de Galdino, decorando texto e tirando leite com bomba depois de 10 meses amamentando sem auxílio algum de adereços de ordenha, achei que seria  puxado de mais para o curto tempo do "cocktail psiquiatra/remédio/terapia" em ação nas minhas emoções vulneráveis e desequilibradas.
Em exatas 24 horas após o telefonema da produtora de casting me consultando para integrar o elenco de LASCADOS- O FILME, estávamos eu, Galdino e Ian no set de filmagem em São Matheus - ES, conhecendo equipe técnica e o figurino que eu viria a vestir nos próximos 5 dias.
No quarto da pousada da ilha de Guriri tínhamos para nosso aconchego uma cama de casal e uma de solteiro que se transformaram em uma grande cama de família, e assim Ian continuou acoplado a meu peitos nas noites de ventania beira mar do pequeno hotel "pé na areia".
Foram dias muito gostosos. A equipe toda caiu de amores por Ian que havia acabado de começar a engatinhar e estava no auge da alegria com a nova descoberta e progresso evolutivo Homo Sapiensmente falando.
Sozinho ele desenvolveu uma dança clássica com os bracinhos todas as vezes que escutava alguma melodia no ar. Sofri de saudades todos os dias com a distância de 13 km da pousada ao set de filmagem e me perguntava o que teria sido de mim se meus homens tivessem ficado em São Paulo.
Galdino deu um show de paternagem. Com a ajuda de apenas 3 brinquedos que Ian já não se interessava mais, hospedado em uma pousada sem estrutura alguma para receber bebês, um clima dificílimo onde no mesmo dia chuva caia, sol tostava e vento zunia, distante do centrinho comercial, na dependência de boa vontade e favor dos motoristas da produção do longa  para comprar guloseimas e cigarros (sim! Galdino fuma!) e um cardápio que continha de buchada e língua a pescoço de galinha,  Galdino divinamente entreteve nosso filhinho nos momentos que São Pedro lhes permitiu serem felizes com as tartarugas do Projeto Tamar, com as ondas do mar, areia da praia e formigas que passeavam pela área da piscina da pousada.
Ian se apaixonou e entupiu de vitamina A (de areia), e  desconfiei que ele defecaria pedras depois de uma manhã se lambuzando na praia de Guriri contemplando a linha do horizonte e tendo seu segundo contato com a imensidão do mar.
Voltamos para São Paulo depois de uma semana no Espírito Santo e em seguida fomos para Visconde de Mauá onde Ian continuou dormindo em uma Super King Size conosco. Nosso carro estava hospitalizado com apenas 2 meses de vida em um recall que durou exatos 30 dias, tivemos que ir com o carro da minha mãe e também que escolher entre levar o berço de Ian ou nossas roupas.
O carro da minha mãe definitivamente não serve para uma casal com filho bebê.
Voltando para São Paulo Julho já estava chegado ao fim junto de muitas notícias felizes de trabalho para mim e para Galdino.
Essas notícias envolviam uma necessidade enorme da colaboração da minha mãe, de sua casa, seus cuidados e dedicação a Ian num vai e vem de um mês e meio sem rotina alguma e muito trabalho.
Qualquer um desses livros que ensinam técnicas de como "treinar" uma criança a dormir diz que o processo de educação ao sono tem que ser feito dentro de uma rotina que não envolva fatos extraordinários como uma enfermidade.
Galdino passaria o mês todo viajando nos finais de semana fazendo teatro pelo interior e litoral de São Paulo e eu rodaria 12 CEUs da cidade "parindo" para comunidades e estudantes da rede pública.
Neste fim de semana encerrarei esta jornada que envolveu minha mãe, sua casa, e tudo de maravilhoso que uma mãe maravilhosa pode oferecer.
Meu cenário fica depositado em sua casa, então a van que nos leva aos CEUs parte de lá onde Ian fica e dorme sem "suas" tetas até a minha volta depois das apresentações sempre noturnas.
Estou desde a metade de agosto carregando sacolas, malinhas, bolsas e mochilas da Pompéia ao Butantã com minhas roupas e as de Ian, maquiagem do espetáculo e ingredientes para os lanchinhos da equipe técnica da peça.
No quarto em que durmo na casa de minha mãe montei o berço portátil onde Ian iniciou suas noites até a chegada de seus melhores amigos, meus mamilos.
Esses 3 meses e meio de cama compartilhada nos trouxe alegrias, me presenteou algumas horas de sono e material para as histórias aqui relatadas mas também nos trouxe um novo labirinto do qual não estamos conseguindo sair.
Ian continua acordando várias vezes por noite, está cada dia mais viciado no meu peito e consciente dos espaços e distâncias que envolvem nossos quartos, berço  e cama.
Acabada esta fase de CEUs e Partos a vida volta ao normal, a rotina se reinstala em nossas vidas e também a necessidade de noites bem dormidas porque Galdino continua sendo um professor universitário que acorda cedo para dar aulas, ator em constante procura por trabalho e pai e eu uma atriz em constante procura por trabalho e mãe que precisa dormir par acordar com o nascer do sol e beijinhos do filho que como todos os bebês madruga todos os dias.
Senti os olhares de reprovação absoluta com nossa postura de divisão de espaço noturno de algumas pessoas que ouviram essa trajetória aqui narrada. Algumas verbalizaram o quão absurdo pensam ser tudo isso e o possível problema e dificuldade que teremos mais adiante para nos separarmos de Ian.
Decidi não contar mais esse "causo" a ninguém já que minha vontade de dizer: " Tá achando absurdo? Vai passar uma semana lá em casa cuidando de Ian na madrugada então! " , vinha crescendo a cada repetição de reação de espanto.
Graças a Deus minha mãe não nos reprovou em momento algum  e sempre repete que  faz-se o que é possível.
Que tipo de consequências poderemos vir a arcar no futuro por causa desta "suruba sonífera familiar" agora eu não quero nem pensar.
O tempo está passando e não estamos conseguindo escolher a estratégia de separação ou definir a forma que nos parecerá menos sofrida.
O sofrimento me parece ser inerente a qualquer opção o que já antecipa o meu sofrer.
Mudar de casa e ir para um lar onde o quarto de Ian seja próximo ao nosso poderia ser uma opção menos "milionária" já que hoje os imóveis razoavelmente decentes em São Paulo não custam menos de 1 milhão. Vender nossa casa e comprar outra poderia ser uma alternativa mais simples e fácil de ser adotada.
Por essa razão o dono da casa lotérica da Alfonso Bovero tem me visto com mais frequência nas longas filas de apostadores da LotoFácil e LotoMania acumuladas. Só ganhando na Loto para conseguir trocar um imóvel hoje em dia...
Amanhã gravo um institucional para o Shopping Iguatemi e tenho que acordar cedo. Ian dorme desde ás 20:45 hs. São 00:38 e ele já acordou 2 vezes.
Vou me deitar na torcida de uma noite pouco interrompida e na esperança de uma solução para o dilema sem a colaboração de NANA NENÊ algum, mas com a deliciosa expectativa da surpresa do próximo alvorecer.
Será que acordarei com um beijinho, uma dedada dentro do nariz, um puxão de cabelo, uma cutucada no olho ou uma baforada inodora de um anjo  sem asas de braços roliços e 2 grandes pernis ?
Somente dormindo a seu lado poderei saber.
Ian meu amor, mamãe está acabando esse post e indo para cama onde meus peitos estarão a disposição para que seus mamilos sigam de encontro a sua boca macia, carnuda e cheirosa.







quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A DÚVIDA NÃO É CRUEL AO CÉU ABERTO DO CEU

Faz muito tempo que não passo por aqui.
Estava com saudades mas confesso que também morrendo de preguiça.
Preguiça de pensar para escrever com coerência.
Neste período de  mais de dois meses muitas coisas acontecera.
MUITAS!
Ian começou a engatinhar, teve sua primeira febre por uma infecção no ouvido, fui fazer um longa metragem no Espirito Santo onde a estrela do filme, Paloma Bernardi, viveu com Ian um romance tórrido e breve, fomos a Visconde de Mauá nas férias, encontrei um tatu bola no coco de Ian, meia centopeia em uma mão e a outra metade em sua boca, comemoramos o primeiro ano de vida do Bolão em uma festa deliciosa, vivemos a preocupação de sua primeira queda da cama, aprendeu a beijar, desaprendeu a falar mamãe, reaprendeu, desaprendeu a gostar de vários alimentos, passou a não aceitar mais ser alimentado pelas minhas mãos nem as de Galdino, só aceitou comida servida pela vovó Regina entre outros eventos que fazem do meu trabalho um parto.
Muito tempo, muitos acontecimentos, muitos assuntos... Fica difícil organizar e selecionar.
Quanto mais opção maior é a dúvida. E a dúvida é cruel.
Dúvida cansa.
Quanto mais se pensa mais se sofre e é por isso que a ignorância é a mãe da felicidade.
E dia 7 de Setembro, indo fazer uma apresentação de "Meu Trabalho é um Parto" no CEU Paz, na Brasilândia, lááááááááá no alto do morro de uma das comunidades - ai que preguiça dos termos politicamente corretos, comunidade o escambau, é favela mesmo !!! - mais perigosas, sujas e surreais do Brasil, me peguei pensando na diferença de comportamento dos sentimentos que habitam os corações e as mentes nas diferentes classes. Mais uma vez me peguei pensando que depressão de forma geral incluindo a PÓS PARTO, é coisa de classe média.
Subir o morro dentro da van com equipe técnica e produtora, vendo pela janela os moradores da Brasilândia em seus afazeres de um sábado de feriado mexeu comigo. Muitas mães carregando suas crias no colo e andando no meio daquele amontoado de construções irregulares, lixo, motos de montão, pequenos ônibus da prefeitura que não passam pelas ruelas promovendo um trânsito inacreditável e pessoas cheirando cocaína a céu aberto.
Essas mulheres não me pareceram preocupadas com os exemplos expostos a seus filhos, não me pareceram tensas nem mesmo infelizes.
Talvez seja pelo fato de elas não terem dúvidas, e não tem dúvidas por não terem opção.
Ou é aquilo daquele jeito ou é aquilo daquele jeitinho mesmo.
Não acredito que elas se angustiem ao ter que decidir com quem deixar os filhos para voltar ao trabalho após uma suposta licença a maternidade. Não tendo vaga em creche é com a mãe que deixam os filhos e se a mãe não pode é com a irmã ou com a vizinha e se uma vizinha não pode é com a outra e não há questionamento algum se a pessoa que cuidará da criança está apta a estimular de forma correta, limpar de forma correta, alimentar de forma correta...
O que é correto ?
Isso não existe. Existe o que é possível e o mais incrível; sem culpa alguma.
Bem diferente de nós da "Zona Oeste" que nos culpamos até pelo açúcar mascavo, mesmo que orgânico da bolacha de vários grãos e farinha integral da marca Mãe Terra.
Sei de histórias de mulheres de comunidades que se sentem estranhas no puerpério, e por absoluta falta de informação e de espaço em suas vidas para receber, aceitar entender e cuidar da "coisa estranha",  não dão atenção ao que sentem e um dia essa "coisa estranha" passa.
Porque passa mesmo! Com remédio, sem remédio, com terapia ou não; um dia a depressão pós parto passa.
Graças a Deus porque essa coisa estranho é ruim de mais de sentir. Mas quando se tem mais filhos, marido, casa, emprego e horas e horas de transporte público para chegar ao emprego, a "coisa estranha" não recebe atenção e não se desenvolve.
Tive depressão pós parto. Ela foi real e genuína mas tenho certeza que ela foi potencializada pelo meio que vivo, pessoas que me relaciono, opinião de familiares e informações que recebo com leituras variadas.
Depressão pós parto é hormonal, é químico é fisiológico mas é também doença de classe média intelectualizada.
Sei que minhas angústias relacionadas à minha carreira. a transformação do meu corpo depois da gravidez e tudo relacionado a Ian seriam menores ou nem existiriam se antes delas tivesse que me preocupar com ter o que comer.
Pobre não tem carreira, pobre tem trabalho e não ter a preocupação pelo espaço que se ocupa no mercado a través do desenvolvimento de uma carreira facilita muito.
Mulheres com carreiras sofrem mais que mulheres que labutam pelo dilema maternagem X profissão.
Quando vivi em Londres e levava uma vida pobre em que acordava ás 5:00 da manhã para fazer faxina, estudava a tarde e trabalhava como garçonete a noite, eu não me permitia deprimir pois eu não tinha saída. Muitas vezes eu acordava na escuridão do inverno Londrino ás 5:00 da "madrugada", sentia uma profunda tristeza, vontade ZERO de levantar para ir trabalhar, um desejo enorme de chorar, chorar, chorar e continuar dormindo mas eu não podia me dar ao luxo de me atirar nas profundezas da depressão. Eu tinha contas caras a pagar e precisava levantar para faxinar a casa de Mrs. Dorren entre outras várias inglesas, francesas, árabes  residentes da terra Londres de ninguém.
Em Londres eu cheguei a conclusão de que pobre não tem depressão. Na verdade em Cuba eu desconfiei,em Londres tive certeza e no 7 de Setembro da Brasilândia vi que continuo concordando comigo mesma!
A depressão é muito amiga do ócio, e quando se tem  que ir para a labuta, caso contrário não haverá comida na mesa, não há espaço para depressão alguma se instalar.
Procriar é mais antigo que andar para frente. A princípio não há mistério algum e nem motivo para muito filosofar.
Porém o mundo capitalista deu um jeitinho de tornar o ato mais natural da existência em algo digno de muita elucubração publicada em livros, blogs, sites e teses.
E nós das classes favorecidas com acesso a informação somos as grandes vítimas de tudo isso.
Ler de mais, pensar de mais e saber de mais em alguns casos não faz nada bem.
E para as classes sem acesso a informação as coisas são como são e ponto.
Engravidar, parir, voltar a trabalhar, colocar na creche, ver crescer é a vida e não um grande evento relatado em um Blog que é exatamente o que eu venho fazendo desde que resolvi ser mãe.
Faço parte disso de forma expressiva!
Outro dia estive com uma amiga que estava super agoniada, angustiada mesmo, por não saber em qual escolinha colocar seu filho de pouco mais de um ano. A dúvida era entre a Alecrim, Espaço Brincar, Arte de Ser, Quintal do Zé Menino, Grão de chão... Se ela não tivesse condições de colocar seu filho em escolas como essas, a creche publica seria a única solução e a dúvida estaria sanada.
Não que eu quisesse ter dificuldades financeiras, mas dinheiro apesar de delicioso e  maravilhoso e de eu ADORAR, traz dúvida e dificulta as decisões.
E como eu já disse láááááa em cima; a dúvida é cruel.
Estranhamente, depois que comecei a fazer terapia e ser medicada parei de escrever minhas impressões da vida de mãe neste espaço. Passei a falar de forma direcionada com minha psicóloga Junguiana/Bioenergética o que vem me ajudando muito em todos os sentidos. Profissional, social, conjugal, familiar e maternal.
Estar na mão de bons profissionais  fez e faz toda a diferença. E voltar a trabalhar com condições emocionais para tal foi crucial.
Voltar a ganhar dinheiro além de necessário é gostoso de mais! Poder colaborar com o orçamento familiar... Nem Mastercard !
Estou certa de que a combinação remédio/terapia/trabalho/dinheiro não são os únicos ingredientes de uma depressão pós parto solucionada com sucesso.
Dormir melhor é também uma questão FUNDAMENTAL !!!!!
Suponho que quem me lê esteja pensando: " Nossa! Que legal ! Ian aprendeu a dormir a noite inteira, Veridiana resolveu a questão SONO de uma vez por todas".
Não meus caros leitores! Isso não é uma verdade...
Mas como iniciei o post falando em escrever com coerência, deixo o tema recorrente para o texto seguinte e assim não misturo os assuntos.
Mas darei uma dica para aquecer as curiosidades de vocês mulheres !
Na tentativa de tirar Ian de nosso quarto, há quase 3 meses ele está em nossa cama...
Estou aproveitando para escrever agora que Ian dorme profundamente seu soninho da tarde. Estamos na minha mãe e na casa da vovó seu sono é melhor. O motivo nunca saberemos pois aqui não há nada de especial a não ser o fato de ser a casa da vovó: especialidade por excelência.
Ôpa ! Ian acordou...


                                           Ilha de Guriri - ES- Julho de 2013

Obviamente não terminei o post no dia seguinte ao da Independência do Brasil que estive no CEU Paz. Afinal... Ian acordara...
Já Passei pelo CEU Jardim Paulistano, também na Brasilândia mas sem cocaína a céu aberto, e no momento estou no CEU Casa Blanca tentando fazer das horas de espera para a montagem de luz um tempo produtivo.
Decepcionada, triste e revoltada com meu técnico de luz que não compareceu no horário marcado por ele mesmo na casa da minha mãe, ponto de partida da equipe de "Meu Trabalho é um Parto".
Da Agostinho Cantú no Butantã onde nasci e onde fica meu cenário, partimos a cada CEU  na Van de Milena, minha mais nova amiga e operadora de luz.
Meu operador de luz não compareceu para trabalhar e também não deu satisfação alguma. Soube há pouco por conhecidos que meu EX técnico é viciado em crack e nunca ninguém me avisou.
Que pecado ! Que lástima ! Coitado ! Que pena e que raiva ao mesmo tempo !
Deve ter caído em uma noitada negra e não saiu da escuridão até agora.
Hoje Ian ficou com meu amor, por coincidência seu pai, e foram juntos a aula de música que estou também há tempos para falar sobre. Sandra Oak e sua musicalização para bebês, sua pesquisa e trabalho de 16 anos em desenvolvimento merecem um Post exclusivo.
No 7 de Setembro quando estive no CEU Paz Ian ficou com minha mãe, por coincidência sua avó, e passou a tarde brincando com seus primos no delicioso jardim com amoreira, pitangueira, mamoeiro e jabuticabeira da casa onde cresci. Enquanto crianças bolavam baseado dentro do teatro em que eu me apresentava e outros cheiravam cocaína, Ian ralava e furava sua calça nos joelhos engatinhando pelo piso de pedra do quintal da casa da vovó.
Hoje Ian aprendia música enquanto eu levava o cano de um craqueiro...
Que ele demore muito para saber da existência das depressões, das diferenças de classe, das drogas e de tudo de desnecessário que pertence a esse mundão de meus Deus de Partos, CEUs e cocaína a céu aberto.
Agora vou me maquiar para entrar em cena.
Milena, a dona da Van e motorista que nos leva para os CEUs da cidade está na cabine de luz e som se preparando para sua estreia como técnica, está dilatada e com contrações para seu parto.
Ela vai operar a minha luz sob orientação de Robson, meu amigo ator e operador de som e  vai dar a luz.
Boa hora Milena !

" Parir é como estrear um espetáculo, a gente ensaia , se dedica, se entrega , se apaixona, dá nome ao grupo, à peça e depois de alguns meses ela nasce, ela estreia. E é por isso que eu brinco que meu trabalho é uma parto, porque nos embriaga das mesmas sensações "
(Texto da última cena de Meu trabalho é um Parto).
                                           Ian na casa da vovó Regina no dia 7 de setembro
















sexta-feira, 7 de junho de 2013

O SONO NOSSO DE CADA NOITE NOS DAI HOJE II... NOS DAI PARA SEMPRE!!!


Faz tanto tempo que não passo por aqui, que nem lembrava a minha senha de entrada no Blogspot, pode?
O fato pode fazer com que se pense: "Nossa! A memória de pós parida da Veridiana continua faltando e falhando!". Mas não!
Minha memória anda muito melhor mesmo dormindo pouco, muito pouco, desde a volta do carnaval quando decidi tirar a mamada da madrugada de meu amado, idolatrado, SALVE SALVE, Ian Rebentão...
Desde a volta do carnaval não tenho mais de 3 horas de sono contínuo e acreditei que essa loucura acabaria depois da quaresma, fase que muitos acreditam ser de bruxas soltas e demônios em atividade.
Tive fé que a páscoa, o renascimento e todos os simbolismos que passeiam pela data e pelos ovos fossem se manifestar nas minhas noites, no meu quarto, no sono de Ian e consequentemente no meu.
Mas não!
Nada mudou. Ian continua acordando três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove vezes por noite. Nunca duas. Nunca dez, mas nove sim. E não foi apenas uma noite. Não sei precisamente quantas.
Noites mal, ou não dormidas, vão me tirando da realidade, do eixo, do centro, do equilíbrio e vou perdendo a noção de tempo, quantidade e intensidade das coisas.
Até que o corpo e a cabeça vão se acostumando com a prática do "acorda, levanta, deita, dorme, acorda, levanta" de tal forma que no dia que resolvi passar a noite na casa da minha mãe para que ela cuidasse de Ian na madrugada e eu poder dormir uma noite inteira no quarto que um dia foi meu, adivinhem o que aconteceu?
Lógico que não dormi.
Minha antena conectada a Ian não se desligou por um minuto sequer e eu tive uma noite tão insone quanto várias, que rodando pela casa com Ian, seus 9 quilos e tanto  no colo e cantando meu repertório todo de canções para ninar, comecei a musicar o PAI NOSSO, a AVE MARIA, o CREDO, o SALMO 19 e a prece de Caritas.
Dei uma intimada em Deus e questionei seu poder em realizar milagres.
- "Se é que existes de fato, chegou a hora de provar. Que o Ian durma a noite toda me permitindo voltar a ter uma vida normal e voltar a ser uma pessoa normal".
Deus não me ouviu ou não quis atender meu pedido.
Talvez eu nunca venha saber o motivo.
Assim como também nunca saberei o motivo que leva Ian a acordar tantas vezes durante a madrugada.
Sempre que posso vou ao Centro Espírita que frequento e levo Ian para receber um passe. A chegada dele no espaço que fica na Valdemar Ferreira, perto da USP, é sempre um evento a parte. Não sei se todos os bebês encantam as pessoas e são foco absoluto de todas as atenções como Ian é por onde passa.
O que sei é que receber passes também não colaboraram com seu sono.
Fui a uma benzedeira, Dona Helena, que ao benzer meu sobrinho que chorou seis meses sem parar, fez minha irmã e meu cunhado, seres completamente céticos e descrentes, repensarem suas convicções a respeito do "desconhecido". Durante uma semana Luiz Felipe dormiu por 9 horas seguidas intrigando seus  pais e babás que volta e meia iam ao berço verificarem se estava vivo.
Dona Helena atende há muitos anos em sua casa, a mesma casa, o mesmo quartinho coberto e repleto de santos, imagens, velas e cacarecos. O mesmo texto, o mesmo comportamento, o mesmo ritual. A única diferença são os dentes em sua boca que quase não existem mais.
Levei um susto ao vê-la depois de mais de 10 anos sem aparecer em seu cantinho da Rua Scipião na Lapa.
Está parecida com minha mãe cubana. Um dente apenas e nada mais...
Como é triste uma boca sem dentes.
Como é feio.
Como a ausência de dentes retrata uma realidade ignorante.
Uma realidade brasileira onde o pobre pode comprar um carro parcelado em milhares de vezes, mas não tem dentes para mastigar.
Benzemos Ian e quando fomos benzidos, Dona Helena detectou algo de "errado" com Galdino.
Com o mesmo texto de sempre e repetido para todos os novos clientes, nos disse que havia um "trabalho" feito para meu amor e que deveríamos voltar na semana seguinte com algodão, água com gás e pó de café para que o "trabalho" fosse desfeito.
Não nos cobrou pelo benzimento, mas disse que Vovó estava pedindo que velas fossem queimadas no terreiro em prol do nosso bem. Deixamos R$ 20,00 para a compra de uma vela "corpo homem" uma "corpo mulher", uma vela chave e outra de sete dias de alfazema.
Galdino odeia tudo que se  refere ao universo umbandista em função de histórias desagradáveis do passado e estar ali era para ele um sacrifício. Mas embarcou na viagem proposta pela voz amiga que saia daquela boca sem dentes.
Saímos da Rua Scipião com lições de casa, muitas orações impressas em sulfite A4 e a missão de voltar na semana seguinte. Uma cabeça de alho deveria ser colocada embaixo do Berço de Ian, banhos de ervas deveriam ser tomados, uma fita de cetim vermelha deveria ser amarrada no berço, pedrinhas sorteadas em um cesto e defumadas deveriam nos acompanhar daquele momento em diante como patuás.
Ian dormiu super mal naquela noite...
Na semana seguinte estávamos de volta, eu e Galdino, à casa da benzedeira para desfazer o "trabalho".
Apesar de não ter acreditado nas palavras de D. Helena, apoiei o retorno de meu amor na esperança de equilibrar as energias da família ou por uma fé que nem eu mesma sabia que ainda tinha. Ou tenho...
Ou já nem tenho mais.
- "Mal não vai fazer, então vamos lá desfazer o "trabalho".
Depois do ritual de queima do algodão e defumação com café, a água mineral com gás recebeu água benta que deveria ser borrifada pela nossa casa e berço do Ian.
De novo D. Helena não nos cobrou pelo trabalho porém de novo disse que Vovó estava pedindo que novas velas fossem compradas e queimadas no terreiro que o "cavalo" ( D. Helena) frequenta  em São Miguel Paulista.
Desta vez a quantidade de vela era exorbitante e R$ 60,00 foram deixados sobre a mesa forrada de cartas de tarô, anjos, cristais e ervas.
Galdino queria morrer de desgosto quando entrou no carro e começou a concluir que D. Helena não passa de mais uma "picareta exotérica".
- Quantas vezes deixo de comprar livros entre outras coisas que gostaria por não querer gastar e acabo de deixar R$ 60,00 para essa mulher sem instrução alguma para satisfazer os seus desejos!
- Meu amor! Ela não tem estudo nem instrução mas é sensível, intuitiva e é uma alma boa. Ela tem boas intenções.
- De boas intenções o inferno está cheio Veri.
Mesmo completamente descrente em tudo, meu amor seguiu as instruções da benzedeira colocando o alho embaixo do berço, a fita vermelha de cetim amarrada na grade do mesmo, defumando a casa com café e borrifando a água benzida pela casa.
Acabo de contar para ele que estou escrevendo sobre nosso episódio com D. Helena e ele me perguntou;
- Quem é D. Helena?
QUE MARAVILHA!!!!!!
Quem é D. Helena ?
Que bom saber da  total eliminação da velha desdentada da memória de meu marido.
Além de passes, benzimentos e simpatias, também tentei melhorar o sono de Ian mudando a ordem dos acontecimentos que envolvem seu ritual de fim de dia.
A sequência é: ás 18:30 jantar, 20:30 banho e ás 21:00 mamázinho para dormir e ir para o berço.
Resolvi dar o banho antes do jantar para ver se a barriga de Ian cheia de legumes e vegetais acompanhados do néctar maternal que ainda é fabricado por minhas tetas, indo se deitar cheinha, proporcionava um sono de urso profundo e hibernal.
Não funcionou.
Soube há pouco tempo que banana é uma fruta que colabora com o sono por causa do potássio. Não sei qual a explicação científica, mas acreditei.
Dei uma banana nanica enorme para Ian antes do banho imaginando uma vitamina de banana e leite entrando em ação e colaborando com um sono de anjo ao amor maior da minha existência.
Ian acordou várias vezes da mesma forma.
Voltei a dar banho de balde antes do banho de banheira e coloquei meu Rebentão imerso em águas quentes na tentativa de um relaxamento absoluto para o sono ideal.
Não funcionou.
Tentei o banho de balde depois do de banheira e com chá de erva doce e camomila.
Não funcionou.
Frustradamente, fiz a tentativa de resgate a Shantala. Quem sabe massagear seu corpinho de pele de manteiga e suas dobras famosas no facebook ajudará em seu relaxamento?
Não funcionou.
Voltei a colocar no momento do banho o CD que usei durante seus seis primeiros meses de vida para Shantala e ritual do sono. Quem sabe no fundo de sua memória algo trabalhe e sua cabeça resgate a capacidade que já teve de acordar só uma vez para mamar?
Não funcionou.
Uma amiga de academia me deu um gel que disse ser milagroso para dormir. Um gelzinho azul feito por uma especialista em florais. O produto deveria ser passado na sola do "pé pãozinho" depois do banho antes de dormir.
Assim foi feito e não funcionou.
Tentei não dar banho. Quem sabe a água está despertando Ian e excitando meu filhinho ao invés de acalmá-lo ?
Também não funcionou.
Voltei a ler o Evangélio segundo Allan Kardec enquanto Ian faz a última mamada antes de dormir, voltei a dar de mamar sentada com ele sobre a almofada de amamentação ao invés de deitada como vinha fazendo em minha cama de casal e voltei a conversar com nossos mentores e anjos de Guarda antes de colocá-lo no berço.
Me culpei muito por acreditar que Ian vem dormindo muito mal por minha causa, por minha depressão, por minhas desavenças com a Veri que não existe mais e a que nasceu dia 17 de Agosto de 2012 na Maternidade São Luiz. Tive vontade de procurar Laura Gutman na Argentina e pedir sua ajuda.
Decidimos colocar Ian em seu quarto, distante do nosso, planejamos o dia da desmontagem do berço e locomoção para o andar de cima da casa e não cumprimos com o planejado.
Temos ouvido muitos pais dizerem que seus filhos só passaram a dormir bem depois que foram dormir no espaço próprio. Seus quartinhos...
Tivemos pena de separá-lo de nós.
Não fomos capazes.
Hoje Ian está com nove meses duas semanas e quatro dias de vida. Já está há mais tempo fora de minha barriga do que dentro e acreditamos ser a hora de separar já que o processo natural da angústia da separação já está acontecendo desde o oitavo mês de vida dele.
Conversar sobre sono com as amigas ou qualquer casal que eu cruze na natação do Ian, na aulinha de música ou no supermercado é uma constante em minha vida.
Ouvir as mesmas dicas ou a que dizem ser a única solução é algo que não suporto mais.
Qual é considerada por muitos pais a única solução?
O NANA NENÊ !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Antes de ontem no aniversário da filha de uma amiga soube de uma senhora carioca, uma "Super Nany" da Cidade Maravilhosa que promete ensinar a criança a dormir em uma semana e sem deixar chorar.
Um casal de conhecidos está trazendo a tal senhora, pagando passagem de avião e seus honorários. Estão há 6 meses sem dormir NADA e quase se divorciando após muitas brigas noturnas, diurnas, infindas e sofridas.
Sem dúvida alguma traria a "véinha carioca" se tivesse dinheiro para gastar com tentativas.
Julho vem chegando e meu amor entrando em férias da faculdade poderá perder noites de sono acompanhando Ian em seu quarto no andar superior da casa para ensiná-lo a dormir sozinho em seu espaço. Seu quartinho...
Ian passou a dormir mal depois que tirei a mamada noturna e a mesma foi devolvida entre todas as tentativas feitas. Não adiantou, e para a minha saúde física e emocional há um mês mais ou menos Ian mama uma, duas, três vezes durante a madrugada para que eu possa continuar existindo. Quando não conseguimos fazê-lo voltar a dormir de forma alguma, o colocamos em nossa cama, ele se acopla em meu peito e assim vamos até o amanhecer.
Como a ideia é que ele durma a noite toda sem a colaboração dos meus mamilos, não poderei ficar com Ian em seu quartinho nesta fase de treinamento já que não tenho como desatarraxar minhas tetas e deixá-las na parte de baixo da casa.
Sem dúvida alguma terei dificuldade para dormir e morrerei de saudades dos meus homens e a princípio tenho a sensação de que sofrerei de mais.
Mas sou uma mulher de 38 anos de idade, sou mãe e preciso controlar minhas emoções.
Rá Rá Rá Rá !!! Quem vê pensa.
Ouvir opiniões diversas no caso de uma pessoa de suscetibilidade emocional como hoje eu me encontro é o maior equívoco a se cometer.
Mudar de opinião a cada nova escutada é também uma exaustão.
Ontem ouvi da minha tia que é médica  hematóloga; 
- Veri, você não parou para pensar que pode estar causando um mal para o Ian?
- Mal?
- O fato do Ian não dormir pode prejudica-lo em muitos sentidos. ele pode vir a ter déficit de atenção e uma série de problemas causados pelo mau sono. A metabolização de muitos hormônios acontecem no sono.
- Sim ! Eu sei! Eu me preocupo! mas o que eu posso fazer? Já tentei de tudo!
- Deixa-lo chorar.
- Mas não existe outra forma de ensinar um bebê a dormir a noite toda sem interrupções ?
- Não! Essa é a única forma.
Depois ouvi de uma amiga que há uma tese que prova o tamanho do mal causado pela técnica e prática sugerida pelo NANA NENÊ. Me contou que ficou muito angustiada ao ler o texto e eu sem ter tido contato algum com as tais informações já me vi completamente envolvida com a tese e a favor de tudo afirmado no estudo.
Hoje ouvi da minha irmã que o tempo que estamos vivendo essa angústia do sono interrompido de Ian já é MUITO MAIOR do que o de choro/treino que os autores do NANA NENÊ promete para o sucesso do experimento, e que se chorar causa algum mal,  não dormir causa males também. Portanto eu deveria pesar e medir o tempo de cansaço sem dormir direito desde o carnaval, e a angústia de ouvir o filho chorar por algumas noites.
E no fim do papo já estava eu concordando totalmente com a posição da minha irmã e arrependida do tempo que já perdi sem aplicar o "best seller" e por consequência sem ter minha alma em contato com os seres do céu nas madrugadas.
Escrevi um espetáculo infantil que se chama "O Bebê que não dormia e trocava a noite pelo dia" com inspiração absoluta na minha própria experiência e realidade.
Que eu tenha sorte e consiga realizar o projeto e levando ao palco o que consegui escrever entre crises de choro e noites mal dormidas.
Estão se perguntando o por quê da palavra SORTE ?
Porque na minha profissão ela é muito mais importante que talento, vocação, determinação, comprometimento, persistência entre outros substantivos do nosso dicionário.
E o que minha profissão tem a ver com o sono de Ian ?
Nada!
E por isso está na hora de acabar com esse post.
Para o próximo espero vir com boas notícias de noites de pelo menos seis horas de sono contínuo além de inspiração para escrever sobre a refeição feita por Ian no café da manhã de dia das mães...
Adivinhem o que Ian comeu num lapso de descuido e desatenção de seu pai, por acaso meu marido tão amado?
Durmam por mim e até as cenas dos próximos capítulos.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

A EXAUSTÃO DE TANTO AMAR

Faz tempo que não passo por aqui.
Meu retorno ao blog é marcado pelo fim da quaresma.
O último texto foi escrito às vésperas do carnaval entre malas e listas do que carregar para a viagem - Ian e seus pertences ocupam um espaço enorme em nossas listas, carro, em nossas vidas... - e hoje escrevo com um ovo de páscoa de chocolate trufado da Cacau Show sobre a mesa enquanto Ian tira uma soneca maravilhosa no sofá, e as galinhas do Cocoricó berram no cenário da TV Cultura.
Um dos grandes sonhos da minha vida é ganhar algum prêmio de promoção em dinheiro e ao comprar o ovo trufado, agora sobre a mesa com lascas faltando, tive certeza de que vou ganhar um milhão e meio da Cacau Show. A mesma certeza que tenho a cada jogo da Mega sena que faço, código de barra que cadastro para o  avião do Faustão e todas as promoções que entro para concorrer.
Sempre me frustro.
Nunca ganho.
Ser muito positivo e ter muita fé tem seu lado negativo...
As quedas são maiores.
As decepções são mais doloridas.
A fé que tenho ao participar de qualquer concorrência ou promoção deveria ser a mesma ao depositar em minha carreira e meu retorno à vida profissional, o que não vem acontecendo.
Olho para o ovo e penso que eu o comeria inteiro.
A lactação tem me permitido cometer o pecado da gula várias vezes por dia sem graves consequências mas preciso voltar a ter controle sobre meus desejos por comida já que Ian não vai mamar a vida inteira. O mesmo controle preciso ter sobre minhas emoções, o que também não vem acontecendo.
Continuo sendo um chafariz de lágrimas mesmo tendo conseguido resgatar algumas coisas que me fazem bem como nadar, correr, muscular...
Tenho tido algumas horas por semana de dedicação a algo que é só meu. Meu corpo, saúde e bem estar.
Ian tem ficado algumas vezes com minha mãe com que se dá super bem e outras com Galdino.
Quando estou na academia  penso neles sem parar mas achei que sair de casa pela primeira vez e deixá-los na minha ausência fosse ser mais difícil.
Ver que tudo funciona perfeitamente quando não estou é satisfatório e tranquilizante.
Ian não se mexe no sofá.
A respiração é tão leve que coloco minha mão sobre seu pulmãozinho para ver se está respirando.
Dou um ovo de mil quilos de chocolate trufado para mãe que nunca fez isso!
Esse é o sono bom de Ian.
É assim que ele deveria dormir a noite inteira. Um sono profundo, pesado de respiração leve e serena.
Isso também não vem acontecendo desde que voltamos do carnaval...
A palavra "pesada" não combinam com "leve" e "sereno". Mas no caso do sono de Ian tudo orna perfeitamente. Um sono pesado de respiração leve e serena é perfeito!
Depois de ouvir da pediatra "véinha" que eu tinha que tirar a mamada da madrugada porque a noite foi feita para dormir além de Ian ser um bebê grande e forte o suficiente para não precisar de leite enquanto as estrelas brilham no céu, voltei  da viagem que fizemos em família para Caxambu decidida a dar início a nova tarefa que  eu supunha ser desafiadora como tudo que envolve os mistérios do comportamento de um bebê.
E vem sendo!
Desafiadora e exaustiva.
Até então eu considerava meu Rebentão um bebê que dormia bem durante a noite.
Que fique bem claro: DURANTE A NOITE !
Durante o dia Ian nunca dormiu a quantidade que dizem ser a ideal. Quando estamos sozinhos então...
Com o pai e com a avó tudo é melhor e mais possível.
Comigo, dentro de casa, só nós dois nada é tão possível.
Para mim sobram as manhas, o não querer dormir de forma alguma, a reclamação por colo e necessidade de atenção absoluta.
Justo comigo com que ele passa mais tempo!
Por isso que procuro casas de amigas para ir e coisas para fazer na rua o tempo todo. Ian nas casas dos amigos e com brinquedos diferentes é um sucesso.
No fim da tarde então...! Chamo de "Horário porra nenhuma".
Vai chegando perto das 18:00 hs Ian vai dando sinal de seu cansaço porém não dá para ir dormir. Ele pede minha atenção mais do que em qualquer outro horário do dia. Ainda não é hora de tomar banho e mamar para ir para o berço, não é hora de ir visitar ninguém, um pouco tarde e escuro para ir nas praças do Sumaré... Das 18:00 hs ás 20:00 hs quando estamos fora de casa a minha imaginação e criatividade tem que ser  mais férteis e poderosas.
Galdino consegue realizar tudo perfeitamente na companhia de Ian. Cuida da casa, lava roupa, escreve projetos, corrige prova; TUDO!
Quando estou com Ian sou dele e me arrisco pouco a executar tarefas e atividades para não me frustrar.
Já me bastam as frustrações dos prêmios não conquistados, dos testes de publicidade não aprovados, os espetáculos não estreados, as novelas não feitas, os filmes não participados...
Já não passo tantas horas com Ian pendurado em meus peitos - agora ele é mocinho e come frutas, legumes, verduras, carne e ovo - mas as horas de reflexão sobre minha vida parecem infindas assim como nos tempos de livre demanda.
Continuo me sentindo muito sozinha mesmo no meio de milhares.
Será que é a maternidade que me causou tudo isso ?
A proximidade dos 40 anos ?
Ou estas sensações e sentimentos brotariam em mim independente da existência de Ian ?
Nunca saberemos...
Hoje Ian existe, sou mãe, minha realidade é nova e não há espaço para suposições.
Preciso de resoluções para o que me angustia.
Onde é que eu estava mesmo ?
Ahhhh! Na parte que eu achava que Ian era um bebê que dormia bem. Acordava uma vez na madrugada por volta das 2:30/3:00 hs para mamar, mamava dormindo e ia até ás 6:30/7:00 hs da manhã.
Tirar essa mamada do meio da madrugada me empolgou. Pensar em voltar a dormir 6 horas seguidas me pareceu uma dádiva.
A dica da "véinha" para essa exclusão da mamada noturna de nosso histórico foi : DEIXA CHORAR.
Ian continua dormindo em meu quarto. O dele fica na parte de cima da casa e longe o suficiente para eu sentir pena, remorso, medo além de uma profunda preguiça e cansaço de me imaginar fazendo aula de STEP na madrugada.
Cometi o enorme erro de tirar Ian do berço para niná-lo  sem mamar assim que ele anunciava seu despertar na  boa intensão de poupar Galdino, que estava trabalhando muito, da possível e provável reclamação de Ian por seu peito.
Na verdade meu peito!
Nosso peito então vai !
Queria poupar Galdino mas também queria poupar meu coração e minhas emoções.
Ouvir filho chorar quando não estamos 100% é destruidor.
Ian gostou da brincadeira de ser ninado e passou a acordar muitas, muitas , muitas , muitas vezes durante a noite.
MUITAS!
Nunca chegou a dez, mas várias madrugadas acordou  por nove vezes...
A idéia era que todos dormissem já que a noite foi feita para isso. Mas não estávamos nem dormindo nem mamando nem nada.
Indo a nova consulta com o pediatra  oficial de Ian e ouvindo o cara dizer  o mesmo "DEIXA CHORAR pois isso nunca traumatizou criança alguma", resolvi fazer o teste com o apoio de meu amor.
Durante 2 noites não levantei para pegar Ian a cada vez que ele anunciava seu despertar noturno.
Ele resmungou, chorou fraquinho, pouquinho e voltou a dormir.
Na terceira noite ele dormiu das 21:00 ás 5:00 da manhã e assim fez por mais 5 noites!
Batalha vencida !!!!!
Conseguimos !!
Viva !!! Poderei dormir seis horas seguidas se eu for me deitar ás 11:00 da noite !
Passadas essas 6 noites, meu Ianzito bolão voltou a acordar muitas vezes.
MUITAS.
A maratona pela casa voltou a rolar nas madrugadas e o colchão de quarto de Ian e o sofá da sala voltaram a sentir o calor de nossos corpos e a umidade do suor de sua cabecinha.
Por mais exausta e internamente PUTA que estivesse com a situação, ouvir as reclamações de Galdino dessas noites movimentadas e do comportamento de Ian me parecia uma ofensa pessoal.
"NÃO FALA ASSIM DO MEU FILHO! Ele não tem culpa! Ian não escolheu acordar muitas vezes na noite por achar bacana nos exaurir. Vejo que ele se esforça para continuar dormindo e ao não conseguir fica irritado e então chora."
A educação e jeitinho certo de falar com o "amiguinho" mandaram lembranças neste período  e me peguei batendo boca com meu amor por várias vezes o que me detonou as emoções de forma ainda mais expressiva.
Combinei que na madrugada não falaríamos.
Não respondo por mim depois da terceira ou quarta levantada da cama para atender ao chamado de Ian então é melhor não haver comunicação verbal.
É lógico que a regra não foi respeitada.
Gal foi parar algumas vezes no sofá ou no futom da sala na companhia do nosso Buddhinha também na intensão de poupar meu sono.
Me senti sozinha e abandonada no quarto e lógico; não dormi.
Com Galdino Ian dorme rápido e fácil. No percurso do berço para seu colo Ian já sente se aproximar do pai e dorme no caminho. É algo fora do normal.
Mas Galdino desenvolveu uma técnica infalível e dificilmente acorda com o "toque de despertar" de nosso anjinho lindo e eu com pena de seu sono e do seu cansaço de dar aulas e dirigir um espetáculo fico na maratona solitária.
Preciso amparar Ian nas madrugadas, preciso dar amor, carinho e aconchego para ele.
E preciso lembrar também que é uma fase, um período e que passa.
Já escrevi sobre o sono em outro post e não acreditei que escreveria mais.
Porém o sono é um assunto recorrente pois a falta dele nos tira um pouco dos brilhos, das vontades, das alegrias.
Um dos hormônios do bem estar só é liberado a partir da quarta hora de sono contínuo, imaginem ?
Eu e muitas amigas estamos na falta desta maravilha hormonal há tempos.
Em todas as situações em que me vejo com outras mães e bebê o assunto é esse.
Dormir ou não dormir; uma das mais importantes questões.
Semana retrasada encontrei um amigo na academia pela manhã depois de uma noite bem movimentada e ele me perguntou como eu estava e eu respondi:
- EXAUSTA DE TANTO AMAR !
E abri a boca a chorar.
Estou muito cansada de sentir tanto amor pelo meu filhinho.
É amor de mais! Um amor que consome a alma!
Se não fosse tanto amor haveria mais descaso e talvez as coisas se tornassem mais fáceis.
Essa atividade não remunerada, sem folga, sem férias de dedicação exclusiva e absoluta  e que envolve o maior amor possível existente no mundo é preciosa! É linda, é admirável, é poética  mas carrega o peso do amor incondicional e isso muda tudo !
Existem muitas coisas que amo nesta vida. O Teatro por exemplo! Eu amo fazer teatro, ver teatro pensar teatro, ler teatro mas se eu fico de saco cheia do teatro sendo "ele" algo que também já me tirou o sono, eu o abandono.
Eu amo dar banho no Ian, amamentar Ian, brincar com Ian, passear com Ian, fazer tudo com Ian. Mas se eu fico de saco cheio do Ian eu não posso abandoná-lo.
Hoje Ian aprendeu a bater palmas e seu olhar entusiasmado pela nova descoberta é intorpecente como droga alguma já experimentada.
Na última aulinha de natação ele se movimentou na água e brincou de forma a mostrar progresso o que me faz sentir vontade de engolir ele de volta para dentro de mim.
Aliás essa história de lamber a cria aqui em casa não é só expressão ! Ando dando umas lambidas das papas e vitaminas que escorrem por suas bochechas um pouco menores do que já foram um dia.
Ian vem emegrecendo lentamente.
Olho para ele muitas vezes, sinto uma pressão no coração e sinto vontade de perguntar :
-Ian ! Você recebe o amor que sinto por você? Ele chega até seu coração depois que ele sai do meu? Como faço para te amar mais, para te doar mais, para te cuidar mais, para te amparar mais meu filhinho?
Agora que ele tem 2 dentes crescendo e quando sorri vejo duas serrinhas apontando gengiva a fora... Meu Deus que vontade que tenho de nem sei...
Ontem recebi uma mensagem com o pedido de um texto falando sobre minha experiência de ter ganhado o prêmio FEMSA- Coca Cola- de melhor atriz em 2009. Esse ano a premiação completa 20 anos de existência e todos os vencedores vão poder contar um pouco sua historinha.
Contei a minha e relembrei o quanto quis, rezei , sonhei e esperei por esse prêmio que me indicou muitas vezes e me contemplou uma.
Relembrei que não ganhei concursos, sorteios nem promoções mas ganhei 1 prêmio de melhor atriz o que vale muito... E olhando Ian que acaba de acordar e me premiar com seu sorriso de duas serrinhas ,concluo que o maior troféu do mundo dorme no meu quarto e ainda mama do meu leite.
Ai ai ai como é bom te amar meu prêmio máximo...
Mas não seria nada mal ganhar um milhão e meio da Cacau Show !
Foto de Elise Guedes tirada no Instituto Butantã em um pic nic das "Filhoteiras"

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

BABÁ OU NÃO BABAR EIS UMA NOVA QUESTÃO

(Texto escrito dia 6/2/2013)
Inéditamente consegui escrever um novo texto antes de completar um mês da última postagem desde que Ian nasceu.
Ian completará 6 meses daqui 11 dias e cá estou eu com novos delírios!
Não que ele tenha aprendido a dormir durante o dia me presenteando com um tempo em que eu possa escrever neste espaço, me dedicar a algo em meu benefício ou em benefício da minha carreira de atriz hoje adormecida...
Minha carreira dorme dia e noite, Ian não!
Pelo contrário!
Ian continua exigindo atenção total e absoluta  15 horas por dia à sua divina existência e a cada dia que passa de forma mais intensa.
Já faz tempo que ele lembrava de sua carência e prazer por colo somente após o almoço me permitindo atividades domésticas pela manhã.
Hoje ele reclama por colo logo que desperta e os amigos do móbile da Fisher Price doado por uma amiga querida, andam saudosos de sua alegria e gritinhos ao contemplá-los ao nascer do dia.
Por pelo menos meia hora o macaquinho, a ararinha, o sapinho e a borboletinha giravam sobre seu olhar encantado com as cores dos bichinhos e o som de Bach. Tempo suficiente para eu tomar café da manhã e arrumar a cama.
Atualmente, após a primeira mamada da manhã, minha criatividade para entretê-lo já tem que entrar em ação para que minha bacia seja poupada de seus 9,260 Kg  antes do meio dia.
Meu corpo é uma sequela generalizada e eu não consigo vislumbrar possibilidade de me cuidar indo às sessões de fisioterapia e acupuntura "receitadas" por um ortopedista que me examinou esta semana, e nem voltar a frequentar minha querida e saudosa academia como também me recomendou o médico.
Não tenho babá.
Nem coragem e desapego para deixar Ian em um berçário e ir cuidar ma minha saúde óssea e muscular.
- Você falou em primeira mamada da manhã Veridiana ?
Sim! Ian continua manando com hora marcada... Em uma semana de mamadas extras do tipo "nocaute - sossega leão" ao final da madrugada para que eu não tivesse minhas manhãs iniciadas ás 5:00 hs, Ian deu uma "nova" arredondada e sem dúvidas isso me preocupou.
Por ele e por minha lombar.
Minha mãe sempre fala que uma babá solucionaria tudo. Minhas dores pelo corpo e as mamadas extras.
No caso de precisar dormir um pouco mais, a babá ficaria com Ian  ao invés de entorpecê-lo com meu leite. Precisando cuidar de mim a babá estaria ali para ajudar.
Diferente da maioria das mães do mundo todo, minha preocupação com meu filhinho é de peso em excesso. Meu histórico com a balança não é dos mais animadores apesar de hoje eu ter um peso bem normal e com certeza estou transferido meus traumas para sua curva de pesos e medidas.
Ian nunca teve uma febre.
Ian toma todas as vacinas e não tem reação alguma.
Ian não tem remelas.
Ian não tem catarro.
Ian não teve uma cólica.
Ian esteve em Paúba nas férias e não foi picado por borrachudo nenhum.
Ian vai para casa de minha mãe onde todos os pernilongos da galáxia vivem e não é picado.
Ian chora pouco.
Mas como sou mulher e mãe eu precisava arranjar algo para me preocupar.
Seu peso pesado!
E sua necessidade exacerbada de colo.
E por causa desta preocupação, esse fim de semana fui cúmplice de meu amor em uma extravagância consumista.
Empenhados em comprar novos brinquedos para Ian que parece não suportar mais a centopéia maluca e o chocalho de siri da Fisher Price, nem o jacaré de Nova Iorque trazido pelo padrinho e muito menos o burrinho azul amigo do Pooh, fomos em família à Alô Bebê também dar uma olhada nos cadeirões já que a vida das  laranjas lima, papaias e bananas desta casa estão com dias contados.
Há tempos quero um daqueles tapetes com arco onde penduramos vários "amigos" e deixamos nossas crias "curtindo" uma solidão. Ian provou a textura e maciez de um desses na casa de uma conhecida e ficou entretido de forma a me empolgar com a idéia de adquirir um.
Chegando no "shopping das pançudas e leiteiras" fui direto na sessão dos brinquedos a procura do tal tapete.
- Credo !! Que coisa cara! R$ 350,00 um tapetinho vagabundo com uns bichinhos pendurados? Ai amorzinho... Uma viagem gastar um dinheirão com isso. Ian fica cansado muito rápido de tudo, fora que daqui a pouco ele já vai começar a engatinhar! E no fim das contas o que ele gosta mesmo é colo.
Passeando pela loja batemos o olho em um casal se divertindo a beça com o filho de uns 6, 7 meses que encaixado em um brinquedão berrava de alegria entre pulos colaborados pelas molas do complexo de diversão para bebês da Fisher Price.
Olha a Fisher Price na minha vida aí de novo...
É lógico que colocamos Ian para brincar no  tal Precious Planet Jumperro Blue Sky Collection assim que o brinquedão foi desocupado e é lóóóóógico que Ian delirou com a nova atração.
Delirou a ponto de fazer pessoas pararem para admirar sua felicidade de tocar os pezinhos no chão amparado por uma estrutura estudada pelos americanos bitolados da Fisher Price.
Tirei fotos com celular e enviei seu delicioso sorriso para toda família via CLARO.
É lógico que ficamos muito tentados em comprar o brinquedo de valor astronômico para nossas realidades de atriz fora de cena e ator/diretor/professor no Brasil.
Tentamos negociar descontos já que o último brinquedo da loja era o que estava em exposição mas não tivemos sucesso, e com meus argumentos femininos infalíveis convenci Galdino de não comprar o brinquedo quase 3 vezes mais caro que o tapete.
Desolado e cabisbaixo seguiu em direção a nosso carro onde confessou sua decepção com meu comportamento desanimador na aquisição das poucas coisas que se interessa em comprar.
Galdino é um homem que gasta muito pouco e nunca tem desejos consumistas.
É muito comum eu desempolgá-lo nas compras das poucas coisas que despertam seu interesse.
Fora o fato de até hoje só termos comprado um berço portátil para Ian. Tudo que temos foi doado por parentes e amigos.
Meu amor disse que queria uma vez na vida ter o enorme prazer de comprar algo legal para seu filho.
Me senti castradora e chatonilda.
Me senti culpada.
Dei toda razão a ele e me senti também uma estraga prazeres de marido.
Fomos para o Shopping Eldorado com a nova missão de comprar o  CD "Pequeno Cidadão" do Arnaldo Antunes para nosso pequeno cidadão.
Passando pela PB Kids resolvemos entrar para ver se havia o tal brinquedão e se o preço era o mesmo que na Alô Bebê.
- Sim, os brinquedos da Fisher Price são tabelados senhora. Mas você pode estar passando o cartão de crédito em até 10 vezes sem juros.
Quando falam no gerúndio comigo minha vontade é de processar a pessoa. De mandar prender.
-Você está presa por falar no gerúndio!!!
Ou de demiti-la mesmo não sendo a mesma minha funcionária.
No caso a minha vontade era de não comprar o brinquedo para não ter que continuar ouvindo aquele assassinato à língua portuguesa.
Minha pátria é minha língua.
Mas Galdino pegou no meu ponto fraco me convencendo a apoiá-lo ao comentar que Ian se exercitaria no tal brinquedo além de me dar uma trégua para meus afazeres domésticos.
Exercício = gasto de caloria = emagrecer.
Ian emagrecer !
Entretenimento para Ian = tempo livre para cozinhar = alívio na coluna.
Veri descansar !
- Vamos comprar o brinquedo já !!!
Voltamos para casa com um mix de culpa, empolgação e medo.
Galdino empolgadézimo montou o brinquedo assim que chegamos em casa.
Ian não amou o brinquedo como na Alô Bebê...
Meu amor com seu olhar clínico detectou várias esquisitices no  " Play Center" nos fazendo voltar a Alô Bebê para comparar os brinquedos.
Eles são iguais.
Ian foi novamente colocado no brinquedo da loja e se divertiu como da primeira vez. E como ele não se diverte com o dele em casa...
Nas instruções é enfática a indicação de não ultrapassar 20 minutos de atividade no brinquedo provavelmente em função da coluna ou da bacia do bebê o que me decepcionou muito já que por um instante acreditei estar comprando algumas horas de trégua.
Acreditei estar comprando uma babá.
Tenho muita preguiça de empregados. De tê-los por perto, de orientá-los, dos assuntos e suas chatices clássicas.
Confesso aqui o meu preconceito por mães que não vivem sem o auxílio de babás, mas desde que voltamos de férias onde Ian se viciou em colo, meu novo sonho de consumo é a aquisição de uma por uma questão de saúde mental e ortopédica.
Não podemos contratar uma mas o brinquedo da Fisher Price em 10 vezes podemos comprar.
Em outro momento vou escrever mais sobre o assunto.
Os prós e os contras.
Algumas vezes TIVE que colocar Ian em frente a televisão vendo Cocoricó para poder almoçar sem sua reclamação por colo e pensei: " Uma babá agora, por mais ignorante, burra, sem instrução, sem cultura ou sem graça  que fosse, seria melhor que a nossa tela plana com o Julho, Lola , Lilica e Zaza.
O ser humano e seu calor sempre serão melhores que a TV Cultura por mais legal que seja sua programação.
Me arrependi da compra do brinquedão, fiz a confissão ao meu marido com um enorme pesar mas aprendi algumas coisas.
Lição 1 : Bebês gostam muito mais de gente que de brinquedo.
Lição 2: Santo de casa não faz milagre, tudo na rua sempre será melhor. (Ian gosta do brinquedo na loja, em casa não!)
Lição 3: Bebês se cansam rápido de tudo, menos do pai, da mãe e de colo.
Lição 4: Tenho que aceitar que por mais um período minha vida continuará sendo de Ian e que casa, comida e roupa lavada poderão não estar cuidada, pronta no fogão e passada e dobradas em seus devido lugar em acordo com o que considero correto.
Lição 5: Não adiante eu querer emagrecer Ian. Isso acontecerá na hora certa. Ou não!
O pediatra que hoje considero "O médico de Ian" diz que ele está duas linhas acima da curva considerada normal para sua idade e tamanho.
Esse mesmo pediatra sugere que Ian mame de 3 em 3 horas e que na introdução do alimentos após 6 meses completos ele tome suco de laranja lima entre as mamadas da manhã e coma banana ou mamão papaia na  primeira mamada da tarde seguido de peito.
Achei uma loucura Ian comer e mamar, mas... O cara é médico!
Após passar por 4 pediatras associados a UNIMED até encontrar "O médico de Ian" que considerei menos péssimo, ontem fui conhecer a quinta pediatra da história clínica de meu rebento para tirar a prova  e também para ter motivos para sair de casa com ele.
Já que meu Sling se tornou um uniforme e é quase mais um membro de meu corpo onde Ian se sente pleno - na vertical e colado em mim - que esta tríade Veri/Ian/Sling vá para a rua passear!
Passear pela minha modesta casa de 130 metros quadrados com Ian horas e horas pendurado em mim se tornou monótono de mais para nós três.
Até o Sling reclama quando percebe que a paisagem será o sofá  laranja da sala, os imãs de bandeiras do Brasil da geladeira e as rosas de chita recortadas que decoram a parede de nosso quarto.
Ao entrar pontualmente na sala da doutora, o que é raro nos consultórios de qualquer especialidade hoje em dia, me deparei com uma simpática e sorridente velhinha. O sobrenome da pediatra homeopata estampado na porta da clínica já havia me confortado. Sobrenome judaico! Um ótimo sinal. Quase 70% dos prêmios Nobel foram concedidos a Judeus e não é a toa que eles dominam o mundo.
2 boas informações: uma velha e judia. Provavelmente experiente pelos anos de carreira e estudiosa.
Velhos são sábios.
Judeus são estudiosos.
Estou quase me convertendo!
Em pouco tempo de conversa já recebi mais uma boa informação; a "veinha" é professora da Escola Paulista de Medicina.
Educadamente levei algumas "bronquinhas".
A primeira por eu estar fazendo consultas em diversos pediatras. Ela me disse para escolher um e sossegar para não ficar confusa com a variedade de condutas e opiniões.
Concordo! Mas o que posso fazer se ainda não me sinto feliz e satisfeita com o "casting médico" visitado até então? Cheguei a conhecer uma Homeopata de nome Afra que simplesmente só olhou na minha cara 10 minutos após minha entrada na sala e início da consulta! Não consigo compreender como isso é possível mas aconteceu e eu relatei para a "veinha".
Conversamos um pouco sobre meu parto, sobre meus hábitos com Ian em relação a passeios, Sol e atividades, além do assunto sono.
Ian não dorme de dia o que ela disse ser  "o jeito dele".
Disse que acho que seria bom ele dormir durante o dia e ela perguntou:
- Bom para quem ?
A segunda bronquinha levei quando disse que Ian mamava de 3 em 3 horas.
- Não! É muito! Ele deve mamar de 4 em 4 horas e isso já devia estar sendo feito desde o terceiro mês de vida dele!
- Ahhhh sei... !!! Bom, essa foi a indicação do último pediatra que estive e que inclusive me disse para que as mamadas sejam dadas sempre na mesma hora e desta forma tenho feito há 2 meses.
- Sou professora da Escola Paulista de medicina e assim ensino para meus alunos há muitos anos. Ian não é mais um recém nascido para mamar de 3 em 3 horas. Ele mama de madrugada?
- Mama!
- Já devia ter tirado essa mamada há um tempo também. A noite é feita para dormir e não para comer e como já te disse, Ian não é mais um recém nascido para mamar desta forma. Ele precisa de pelo menos 8 horas de sono seguido durante a noite.  Quando ele acordar querendo peito, deixe chorar. Não há mal nenhum em deixá-lo chorar. Faz bem para sua capacidade pulmonar e em 4 ou 5 dias ele já terá aprendido.
- Mas.. e eu ?  Como dormirei  essas 4 ou 5 noites. Ian dorme no meu quarto.
- Ele não tem o quarto dele?
- Tem mas é muito distante do meu. Fica na parte de cima da casa onde ele dormiria sozinho.
- Uma babá poderia te ajudar muito nesta situação. Ela dormiria com ele te poupando de ouvir seu choro.
- Não posso ter uma babá.
- Acho então que está na hora de você pensar em mudar de casa. Você me contou que não gosta de sua vizinhança... Você já tem dois bons motivos para procurar outro lugar.
- Ahhhhhhhhh sei...
Tadinha da "veinha", ela não foi grossa e nem falou por mal. Ela foi sincera e no fundo ela tem toda razão. Está mais do que na hora de eu mudar de casa, mas essa é a que eu tenho!  Vender e comprar uma casa não é algo que se faça num estalar de dedos.
Me perguntou o que me levou a seu consultório além da minha busca por um médico que me agrade.
Falei sobre o peso de Ian e levei mais uma bronquinha.
- Ele é um menino lindo, saudável, feliz. Olha a cara desse moleque! Eu não vou te falar de curva porque não uso. Cada criança tem uma! Não se preocupe. O que ele tem não é gordura. Ele é forte! O que mais ?
Ela era solícita e estava disponível. Chegou a brincar com Ian enquanto pesava, media e examinava! Chamou meu amorzinho de LINDO... Se eu tivesse mil coisas a perguntar  ou se Ian tivesse problemas, ela responderia pois estava ali para isso.
Coisa rara!
- Ia fará 6 meses em pouco tempo e quero saber o que você pensa da introdução de alimentos.
- Inicie com suco de laranja lima entre as mamadas. Comece com 10 ml e vá aumentando a cada dia.
Se quiser manter a alimentação só com leite materno até 7 meses, você também tem essa opção.
- Mas e as frutas, as papinhas...?
- Esse é um outro passo e falaremos isso na próxima consulta.
- Devo voltar em 1 mês ?
- Em quarenta dias.
Fui embora do consultório feliz por mais uma vez ouvir de um médico o quanto Ian está bem, decidida a resolver com meu marido o que acreditamos ser mais sensato em relação a introdução dos alimentos e determinada a tirar a mamada da madrugada após o carnaval já que iremos viajar.
Impossível treinar mudança de hábitos fora de casa.
Durante o caminho até a casa da minha mãe fui pensando em soluções para nossa separação de Ian. Em algum momento ele terá que dormir em seu quarto.
Quem fará companhia para que Ian não fique sozinho na parte de cima da casa?
O brinquedão da Fisher Price é que não vai ser !
Contratar uma babá é mais barato que mudar de casa...
Eu não suporto babás!
Mas enlouquecerei com o choro forte e solitário de Ian no piso superior da casa.
Babá ou não babar, eis uma nova questão.



                                                                  Ian na Alô Bebê

                                                                       Ian em casa

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

"PUERPERLÂNDIA" - A cidade ideal das pós paridas.

Comecei a escrever esse post 3 dias antes de Ian completar 4 meses.
Isso já faz um mês !
Amanhã Ian completa 5 meses e não terminei o texto falando sobre seus 120 dias de vida...
Não posto nada há 2 meses e mais uma vez me sinto atrasada.
O pós parto e esta fase de aleitamento e dedicação absoluta a cria me faz sentir atrasada em muitas coisas.
Atrasada e aflita.
É tudo muito dual. O misto de felicidade e tristeza confundem as válvulas do coração que parecem bombar o sangue em sentido contrário.
Vivi um tempo em Cuba e ouvia quase que diariamente pelos cubanos a frase: " Todas las monedas tienen dos lados".
Como pensei nos cubanos com Ian pendurando em minhas tetas.
A Maternidade não é diferente.  Tem dois lados.
Laranjas não nascem em mangueiras e Ian, assim como seus pais, tem muita energia e como bom leonino requer atenção integral.
Dorme bem durante a noite, o que já é uma benção, mas durante o dia dá no máximo 3 cochiladas de 15 minutos a meia hora e com direito a comemoração.
Deixá-lo nas cadeirinhas ou no chão com seus brinquedos já funcionou, assim treinei-o desde seus primeiros dias de vida com consciência na ausência de ajuda em seus cuidados e distração, e também em função de seu peso que aumentou muito velozmente me criando fortes dores na coluna,bacia e lombar. Mas assim que completou 4 meses passou a querer nosso olhar constante sobre sua existência.
Deixá-lo ao meu lado enquanto escrevo por exemplo, já não é possível há muito tempo.
É preciso distraí-lo e diverti-lo SEM PARAR.
Começar uma atividade não relacionada a ele, seja ela qual for, e não conseguir concluí-la começou a me desgastar de tal forma que decidi  não tentar fazer mais nada, e que viveria em função de Ian por mais um tempo ou enlouqueceria com a frustração da não conclusão das tarefas iniciadas.
Com as férias muito próximas acreditei que deveria  começara a pensar um pouco em mim só em 2013.
Parei de tentar ler, escrever posts, escrever novos textos e elaborar projetos de teatro ou qualquer coisa que tomasse meu tempo e necessitasse minha concentração.
Fomos viajar!
Mas antes de falar sobre as férias e viagem com um bebê  que bem provavelmente ficará para outro post ( já estou devendo tantos...), tem todo meu devaneio do início da aterrizagem no planeta terra que no meu caso aconteceu com a conclusão dos 4 meses de vida do Ian.
Vamos lá!
Ao Ian!
Ao quarto mês de vida de meu Ian Rebento!
A mim !
A minha loucura e desequilíbrio, ou para quem quiser outra classificação, uma depressão pós parto tardia.
Passada a fase nebulosa em que parecia estar vivendo um sonho embaçado ou assistindo a um filme desfocado na tv entre dormidas no sofá da sala, começo a ter consciência de uma série de coisas, lamentar as escolhas mal feitas e as decisões mal tomadas.
Já falei sobre essa sensação de ausência de conexão com a realidade em outra ocasião. Sobre a memória nublada dos primeiros dias em casa na volta da maternidade com o novo integrante da família.
Não me lembro de muita coisa ou de quase nada!
Muitas pessoas me alertaram sobre a falta de memória no pós parto e só vivendo a experiência para entender o que é.
É ruim! Faltam palavras, o raciocínio é lento e confuso, nossa memória de alguma forma é o que nos conecta com nossa história e ficar com ela abalada me fez ficar um tanto catatônica, sem referências.
Mas isso não vem sendo o pior das reações puerperais, se é que existe esse termo.
Também já disse que se experiência fosse transferida eu abriria uma barraca aqui na frente de casa e venderia algumas maravilhosas que vivi.
Não adianta nada sermos alertadas de uma série de coisas. O fato de sabermos da possibilidade enorme de vivermos certas experiências , não nos prepara para lidarmos bem com a chegada delas.
Experiência se vive.
Não tem outra forma.
E só as vivendo para saber como lidar com o que elas nos fazem sentir.
Minha memória e inteligência parece terem ido embora na companhia da placenta e dos meus quase 2 litros de sangue perdidos no dia 17 de Agosto quando Ian nasceu.
Minha capacidade de organizar raciocínios e idéias chegou a um ponto preocupante.
Perdi noção total e absoluta das minhas ações e atitudes.
Falei coisas sabendo que não podiam nem deviam ser ditas, agi em desacordo com meus ideais, descordei das minhas convicções, confundi o inconfundível, esqueci o inesquecível, odiei o adorável e chorei chorei chorei chorei chorei chorei chorei chorei ... Ai meu Deus como eu chorei !
Me culpei me culpei me culpei me culpei por chorar chorar chorar com Ian nos braços e nas tetas... ai como eu me culpei.
O quarto mês de vida do Ian marcou uma fase de retorno ao mundo real e de um contato dolorosíssimo com a nova Veridiana que ainda não caiu nas graças da antiga.
Mas quem é a nova? Como era a antiga?
Pois é ! Ai é que está a questão.
Não sei !
Não sei de nada !
Não me lembro.
Tá uma baderna na cacholeta, uma confusão de dar dó de mim mesma; coisa que andei sentindo por mim muitas vezes.
Pena de mim.
Dó de mim.
Coisa desagradável de sentir.
A isso tudo, a essa enorme confusão e lágrimas deram o nome de DEPRESSÃO PÓS PARTO.
Demorei para acreditar que estivesse acontecendo comigo.
Minha mãe que é uma pessoa que adora diagnosticar depressões por acreditar ser mais fácil curar aquilo que tem nome, me alertou sobre a tal depressão ao final do segundo mês de vida de Ian.
Não dei crédito.
Comigo não ! Me preparei tanto para essa fase, quis tanto esse filho...
Comigo sim !
Não é patológico, é fisiológico, é hormonal.
Hormônio em dosagem alterada é veneno.
Depois de muita insistência da família fui á consultas psiquiátricas e psicoterapeuticas. A uma com o psiquiatra da minha mãe com que já estive há muitos anos e não me lembrava.
Ele sim se lembrava até da roupa que eu estava usando na primeira vez que nos vimos.
Sempre me gabei da minha memória...
A outra com uma psicoterapeuta corporal que direciona seu trabalho a gestantes e pós paridas.
Falar é sempre bom, sempre  me faz bem e saí das sessões de terapia um tanto melhor mas distante de me sentir "curada".
Mas... curada de que?
Não sei! Só sei que não estou em meu estado normal.
Será que vai ser assim para sempre?
Ser mãe é ser anormal ?
Somado a essa fase de arrependimentos e conscientização de muitas coisas relacionadas a nova realidade, um inferno astral do mais potente existente na galáxia me acompanhou por vários dias.
Minha culpa ao ler as mensagens de facebook pelos meus 38 anos anos me intoxicaram e catalizaram minhas dores de alma. Várias pessoas me escreveram " Esse deve ser o melhor aniversário da sua vida !" por causa do Ian.
Foi o pior.
Obviamente NÃO por causa do meu REBENTÃO hoje pesando quase 10 Kg.
Não vem ao caso relatar  quem potencializou toda minha angústia puerperal, mas no dia 10 de dezembro tive que ouvir sobre todos meus defeitos e características desagradáveis e o que muitos pensam a meu respeito. Essas enformações chegaram em mim como uma enxurrada que invade um barraco de madeirite durante um dilúvio clássico dos verões paulistanos.
Voltei para casa chorando chorando chorando chorando e  me sentindo cansada de mais.
Neste dia percebi o quão exausta estava e arrependida de não ter aceito as muitas ofertas de ajuda feitas por tanta gente, desde que Ian nasceu.
Esse foi um dos meus grandes erros.
Querer bancar a heroína.
Por achar que devo viver de acordo com a minha realidade, não tinha aceitar ajuda de ninguém.
"Para que ter gente em casa me ajudando por um período se não poderei ter essas pessoas ou outras para o resto da vida ? Tenho que me acostumar desde o início a cuidar da casa, de mim, do Ian , do meu casamento e do meu alimento da forma que será para sempre."
E a profissão ? E os cuidados com ela?
Sobre isso prefiro nem falar.
Eu deveria ter aceitado as ajudas oferecidas.
Não para os cuidados com o Ian pois esses eu não transferiria para ninguém nem por decreto. Mas com os cuidados do lar  sim.
Antigamente a chegada de um filho em uma família era vivenciada e dividida por muitas outras.
As famílias eram maiores, o volume de tias, primas, irmãs era suficiente para a mulher viver a quarentena intensamente.
Os cuidados com a puérpera, sua casa e higiene do bebê passavam a ser responsabilidade coletiva.  Até os vizinhos participavam e nos quarenta dias pós parto a mulher só se levantava da cama para necessidades fisiológicas e higiênicas. O resto do tempo ela descansava e dava de mamar.
Não que eu quisesse ficar quarenta dias na horizontal com parentes cozinhando, lavando roupa e dando banho no Ian por mim, mas eu poderia ter minimizado meu cansaço e solidão com a ajuda  de quem me quer bem.
Deveria existir uma cidade das puérperas.
A cidade se chamaria "Puerperlândia".
É para lá que todas nós deveríamos seguir depois de parirmos nossos filhos.
Cheguei a conclusão sobre a necessidade desta cidade outro dia ao ouvir "Os Saltimbancos" na deliciosa e divina companhia de Ian.
Tem uma música que fala sobre a cidade ideal de cada bicho. A galinha diz por exemplo que "a cidade ideal das galinhas tem as ruas cheias de minhocas".
A cidade ideal das pós paridas tem muitas  praças com árvores, flores, mar e cachoeiras.
Na Puerperlândia, vivem além de nós, vários anjos e fadas que são encarregados em nos ajudar.
São eles quem nos acordam durante a madrugada quando nossos bebês acordam para mamar. Eles pegam o bebê no berço, colocam em uma nuvem que é aconchegada ao lado de nossos peitos onde eles mamam e depois voltam para seus berços esplêndidos carregados pelos anjos.
São também eles que cuidam de nossas roupas, limpeza de casa e comidas.
Pela manhã, as fadas do café da manhã nos avisam que a comida jé está servida. Então seguimos até uma mesa cheia de frutas, cereais, Leite Molico Total Cálcio, peito de peru defumado sem casca, pão integral com 12 grãos e muita água de coco.
As praças da Perperlândia são maravilhosas, o chão é lisinho para podermos empurrar os carrinhos com os bebês sem tremedeiras e trepidações ou não correr o risco de tropeços com Slings.
Nelas encontramos todas as amigas com seus bebês e compartilhamos experiências vividas.
Não precisaremos nem chorar as pitangas e gastar tempo lamentando sobre as dificuldades nos longos papos das praças.
Lá não há dificuldades.
Na cidade das puérperas, lágrimas: só de emoção.
Depois do passeio pela praça onde o sol brilha em uma intensidade amena durante todo o dia para não tostar nossas crias e as fadas nos oferecem água ou chá de erva doce gelado a cada 20  minutos, as fadas do berçário levam os bebês para uma soneca de 3 horas até a próxima mamada enquanto as mães vão fazer ginástica para fortalecer os braços, alinhar a coluna e alongar GERAL.
Eu certamente nadaria 2000 metros depois de fazer uma Yoga, musculação e longas caminhadas.
Depois do nosso banho as fadas do berçário devolveriam os bebês para o mamá do meio dia que seria dado em frente ao mar.
Voltando para casa as fadas do almoço já teriam deixado o almoço todo a disposição para ser degustado vorazmente. Muita salada, arroz integral, feijão, legumes no vapor e Salmon ou peito de frango grelhado. Nada de gordura. E azeite, muito azeite !
De sobremesa sorvete da Stuzzi ou de qualquer marca que não tenha gorduras hidrogenadas.
Depois do almoço os anjos do banho preparariam a banheirinha com água na temperatura ideal para que eu pudesse banhar meu Ian antes da mamada das 15:00 hs.
Adoro dar banho!
Adoro vestir!
Adoro trocar fraldas.
Todas essas atividades continuariam sendo realizadas por mim com a assistência das fadas e anjos.
Depois das mamadas das 15:00 hs, juntos tiraríamos uma soneca deliciosa.
Papai já estaria nos acompanhando nesta etapa. Na Puerperlândia a jornada de trabalho dos maridos termina cedo.
Agora deixo a critério de vossas imaginações como seria o resto do dia na cidade das pós paridas. Eu tenho o meu roteiro muito claro em minha mente.
Certamente lá não existiria internet nem canais de televisão. Entrar em contato com a realidade nesta fase é difícil de mais.
Um bom monitor seria legal para assistir filmes Latinos e Europeus de arte.
E se Ian quisesse colo enquanto eu e Galdino assistíssemos um filme, os anjos do colo embalariam nosso amor suspenso em uma nuvem na sala de nossa casa da Puerperlândia.
Foi delicioso sonhar durante essas mal traçadas porém criativas linhas de desejos puerperais.
Os 19 dias de férias que tive em Visconde de Mauá e Paúba com as deliciosas companhias de Galdino e Ian, meus amores,  foram divinos como minha descrição da Puerperlândia.
Não ter que cozinhar, lavar roupa, arrumar cama e quarto por vários dias ajuda bem na recuperação física e emocional de uma sequência de 4 longos meses de trabalho doméstico intenso.
Voltar para São Paulo e para a realidade "é que são elas".
É isso que estou vivendo agora. A volta a  mais uma  das mil realidades...
E como ela é fiel e presente, está me chamando nesse exato momento para a mamada antecipada da meia noite.
Mamada que havia sido abolida antes das férias, mas que voltou a fazer parte de nossas vidas depois de 2 noites por 8 horas seguidas  dormidas em Mauá...
As férias são deliciosas e amenizam uma série de "dores", mas como tudo na vida tem suas consequências, seus dois lados como as moedas dos cubanos.
Sobre isso podemos falar em um outro momento.
Sobre esse tema e vários outros em aberto que por este caminho ficaram, podemos falar em outra situação caso minha memória e organização (ou desorganização) cerebral permitam.
Agora preciso dar de mamar.
Para isso minha memória não falha jamais.
A natureza é sábia mas todas as moedas tem dois lados.


                                                                      
                                      
                                                          Fim de Tarde na  PUERPERLÂNDIA